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ACORDO COM O FMI
Tendência é de aumento do superávit primário, diz ministro
Palocci prevê aperto fiscal e descarta as metas sociais
Lula Marques/Folha Imagem
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O ministro Antonio Palocci Filho durante a entrevista de ontem |
SÍLVIA MUGNATTO
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, deu ontem a indicação mais clara de que o governo
caminha para determinar um
aperto fiscal mais duro que o fixado no acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
"A tendência existe", disse,
avançando em relação às declarações de até então de que o governo faria o "superávit primário [a
economia de receitas destinada
ao pagamento de juros" necessário" para conter o crescimento da
dívida pública.
Em outro sinal do aumento do
superávit para além dos 3,75% do
Produto Interno Bruto prometidos ao FMI, Palocci disse que é
importante tomar a decisão agora, antes da nova rodada de negociações com o Fundo marcada
para fevereiro.
"O Fundo faz a avaliação das
contas em fevereiro, mas a direção do organismo só se reúne em
março. Achamos que seria tarde
deixar isso para março se for necessário um esforço maior", explicou o ministro.
A atual meta de superávit foi fixada em agosto a partir de um cenário esperado de dólar a R$ 3, juros em queda e crescimento econômico de pelo menos 3% para
este ano. Como todas essas variáveis pioraram, será preciso um
superávit maior para segurar a dívida.
Palocci descartou uma sugestão
da área social do governo a sua
equipe: incluir no acordo com o
Fundo "metas sociais", o que significaria excluir do cálculo do superávit primário despesas como
as do projeto Fome Zero.
"As metas sociais devem ser do
governo. Não queremos que o
FMI tenha poder para avaliação
dos gastos sociais", disse, argumentando que esse papel deve caber a instituições do próprio governo e da sociedade civil.
O ministro admitiu a possibilidade de adotar, no futuro, o modelo chileno para o superávit primário, segundo o qual nos anos
de recessão ou estagnação econômica o aperto fiscal pode ser menor. Mas a regra, avaliou, não é
aplicável no momento. "Não é
hora, agora, de ficar com muita
criatividade."
O superávit primário -segundo Palocci, uma decisão de governo independente das exigências
do FMI- será buscado com fontes "extraordinárias" de receita,
ou seja, além das já previstas no
Orçamento.
Antes de escolher a nova meta
de superávit, o que deve acontecer até o final do mês, o governo
terá de fixar um prazo mais longo
para o cumprimento da meta de
inflação de 2003, de 4% com 2,5
pontos percentuais de tolerância.
Essa decisão terá de ser tomada
antes da reunião mensal do BC
para definir os juros, marcada para terça e quarta-feira próximas.
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