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QUEDA-DE-BRAÇO
Mesmo com o dólar em baixa, fabricantes pressionam atacado e varejo com reajustes de 10% em média
Empresas querem novo aumento de preços
ADRIANA MATTOS
DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante esta semana, redes de
atacado e varejo sentam na mesa
para negociar com várias empresas multinacionais uma série de
novos aumentos de preços. Na
média, os reajustes são de 10%.
As conversas começaram nas
últimas semanas de dezembro, e
as empresas querem aumentar
praticamente todos os produtos.
O problema é que as revendas
são contrárias às solicitações-
rejeitaram as tabelas já nas primeiras conversas devido à queda
na cotação do dólar. "Não tem razão para aumento agora. Eles dizem que é por causa de pressão
nos custos. Mas não tem isso.
Nossa postura é exatamente a
contrária dessa: pedimos redução
nos preços, porque o dólar caiu",
diz Antonio Lucas, gerente de
compras da rede Nordestão.
A Folha entrou em contato com
todas as empresas -Nestlé, Quaker, Unilever, Kraft e Parmalat citadas pelo varejo como tendo solicitado o aumento em dezembro e
janeiro. A Quaker informou, por
meio de comunicado, que "apresentou, em novembro de 2002,
uma nova lista de preços para o
varejo. Este reajuste engloba todas as linhas de produto da companhia e varia entre 10% e 15%".
Impacto
A razão: a disparada na cotação
da moeda estrangeira em 2002.
Nem todo o impacto teria sido repassado para as lojas. A estratégia
do varejo é trabalhar com o estoque antigo até fevereiro, "empurrando" o reajuste para frente. Porém, o estoque das lojas é limitado. De 20 dias, em médias.
Segundo a gerência da empresa
Atacadão, as conversas com os fabricantes voltam a acontecer nesta semana. A expectativa das lojas
é que a indústria ceda, se a demanda continuar tímida.
O aumento nos preços já altera a
política de compras das redes. O
Sonae deixou de comprar R$ 5
milhões entre novembro e dezembro de 2002, após os primeiros aumentos de preços, principalmente de cosméticos, cervejas
e cereais.
Acordo
"Quando o Sonae não consegue
chegar a um acordo com os fornecedores para amenizar os índices
de reajustes, deixa de comprar os
produtos", afirma o diretor comercial para a área de alimentos,
Abílio Almirante.
Segundo ele, o grupo voltou a
negociar em janeiro os preços dos
produtos com a Procter & Gamble, fabricante de higiênicos, de
quem recebeu nova tabela de preços no início do ano, após ter suspendido as encomendas no fim
de 2002.
Com a americana Johnson
Wax, dona da marca Ceras Johnson, as negociações também começaram em janeiro.
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