São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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QUEDA-DE-BRAÇO

Mesmo com o dólar em baixa, fabricantes pressionam atacado e varejo com reajustes de 10% em média

Empresas querem novo aumento de preços

ADRIANA MATTOS
DENISE CARVALHO

DA REPORTAGEM LOCAL

Durante esta semana, redes de atacado e varejo sentam na mesa para negociar com várias empresas multinacionais uma série de novos aumentos de preços. Na média, os reajustes são de 10%.
As conversas começaram nas últimas semanas de dezembro, e as empresas querem aumentar praticamente todos os produtos.
O problema é que as revendas são contrárias às solicitações- rejeitaram as tabelas já nas primeiras conversas devido à queda na cotação do dólar. "Não tem razão para aumento agora. Eles dizem que é por causa de pressão nos custos. Mas não tem isso. Nossa postura é exatamente a contrária dessa: pedimos redução nos preços, porque o dólar caiu", diz Antonio Lucas, gerente de compras da rede Nordestão.
A Folha entrou em contato com todas as empresas -Nestlé, Quaker, Unilever, Kraft e Parmalat citadas pelo varejo como tendo solicitado o aumento em dezembro e janeiro. A Quaker informou, por meio de comunicado, que "apresentou, em novembro de 2002, uma nova lista de preços para o varejo. Este reajuste engloba todas as linhas de produto da companhia e varia entre 10% e 15%".

Impacto

A razão: a disparada na cotação da moeda estrangeira em 2002. Nem todo o impacto teria sido repassado para as lojas. A estratégia do varejo é trabalhar com o estoque antigo até fevereiro, "empurrando" o reajuste para frente. Porém, o estoque das lojas é limitado. De 20 dias, em médias.
Segundo a gerência da empresa Atacadão, as conversas com os fabricantes voltam a acontecer nesta semana. A expectativa das lojas é que a indústria ceda, se a demanda continuar tímida.
O aumento nos preços já altera a política de compras das redes. O Sonae deixou de comprar R$ 5 milhões entre novembro e dezembro de 2002, após os primeiros aumentos de preços, principalmente de cosméticos, cervejas e cereais.

Acordo

"Quando o Sonae não consegue chegar a um acordo com os fornecedores para amenizar os índices de reajustes, deixa de comprar os produtos", afirma o diretor comercial para a área de alimentos, Abílio Almirante.
Segundo ele, o grupo voltou a negociar em janeiro os preços dos produtos com a Procter & Gamble, fabricante de higiênicos, de quem recebeu nova tabela de preços no início do ano, após ter suspendido as encomendas no fim de 2002.
Com a americana Johnson Wax, dona da marca Ceras Johnson, as negociações também começaram em janeiro.


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