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GUERRA CAMBIAL
Presidente do Fed afirma que mercado deve achar equilíbrio para a moeda; europeus querem ação do G7
Queda do dólar não assusta, diz Greenspan
DA REDAÇÃO
Alan Greenspan, o presidente
do Federal Reserve (banco central
americano), afirmou que não há
evidências de que os EUA estejam
enfrentando dificuldades para financiar o seu déficit em conta
corrente. Greenspan mostrou-se
pouco preocupado com o enfraquecimento do dólar, mas reconheceu que a alta do euro prejudica os exportadores europeus.
As declarações do presidente do
Fed, feitas no Bundesbank (BC
alemão), em Berlim, evidenciam a
política americana de permitir a
desvalorização de sua moeda. O
dólar mais fraco colabora para o
ajuste das contas do país, ao favorecer as exportações e desestimular as importações. O déficit americano se aproxima de US$ 500 bilhões ao ano, ou quase 5% do PIB
(Produto Interno Bruto).
O tema promete dividir opiniões e aquecer o debate na reunião dos ministros da área econômica do G7 (os sete países mais
industrializados do planeta), no
mês que vem, na Flórida. Em uma
disputa que lembrará a controvérsia acerca da Guerra do Iraque,
estarão, de um lado, os EUA, e de
outro, a Alemanha e a França.
Alemanha e França, as duas
maiores economias da zona do
euro, querem que o G7 aja para
conter a volatilidade cambial. Mas
os EUA opõem-se a qualquer
ação que signifique valorização
do dólar, especialmente às vésperas das eleições presidenciais.
O presidente do Fed chegou a
dizer que, dada a impossibilidade
de antecipar os efeitos de uma intervenção, o ideal é deixar que o
mercado encontre o equilíbrio.
"Se nenhuma medida for tomada para ajustar o déficit em conta
corrente [dos EUA], o mercado o
fará", afirmou Greenspan durante o seminário organizado pelo
Bundesbank. "Devemos ser cautelosos ao tentar alterar as forças
que guiam o mercado em direção
ao equilíbrio, porque, com as
grandes mudanças que estão
ocorrendo internacionalmente,
nem todas por nós compreendidas, há o risco de que aconteçam
eventos inesperados."
As declarações de Greenspan
provocaram um certo constrangimento ao chanceler (primeiro-ministro) alemão, Gerhard
Schröder, com quem o presidente
do Fed esteve reunido. O premiê
evitou fazer comentários e disse
que a questão deveria ser tratada
pelo Banco Central Europeu.
Há um ano, o euro estava cotado a pouco mais de US$ 1. Desde
então, disparou quase 30%. Ontem, a moeda utilizada por 12 países europeus encerrou o dia sendo vendida a US$ 1,2767.
A economia da eurolândia, bastante dependente do mercado externo, está estagnada há três anos.
Para autoridades do bloco, a valorização da moeda comprometerá
as vendas ao exterior e, como consequência, abalará a ligeira retomada prevista para este ano.
Falando à Assembléia Nacional,
em Paris, Francis Mer, o ministro
francês das Finanças, afirmou que
o encontro do G7 deverá dar a
"mensagem correta ao mercado",
segundo a qual "não é o euro que
está forte, mas sim o dólar que está fraco demais".
Anteontem, Adolfo Urso, vice-ministro italiano da Indústria, havia dito que o "euro a US$ 1,30 significa a barreira de emergência
para as exportações".
Também na segunda-feira, após
um encontro de diretores de bancos centrais na Basiléia (Suíça),
Jean-Claude Trichet, presidente
do Banco Central Europeu, afirmou que vê com preocupação a
"brutal" e "excessiva volatilidade"
no mercado cambial.
Trichet sofre pressão de autoridades da zona do euro para reduzir a taxa de juros, hoje em 2% ano
ano. A taxa, o dobro da americana, é tida como um dos fatores para a valorização do euro.
Argentina e bolha
Após sua apresentação, Greenspan foi questionado sobre diversos temas, entre eles a bolha especulativa no mercado e a recuperação da Argentina.
Sobre a Argentina, disse as negociações do país deverão ser "difíceis", mas reconheceu que houve uma estabilização no país.
Para Greenspan, é pouco provável que ocorra uma crise mundial
por causa de uma suposta nova
bolha nos mercados. "É extremamente improvável."
Com "Financial Times" e agências internacionais
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