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Fundos ligados a juros têm recuo histórico
Com queda na taxa Selic, fundos DI e de renda fixa têm menor participação no mercado de fundos da história do país
Eles fecharam 2007 com menos de 50% dos recursos aplicados; analistas recomendam cautela ao mudar de investimento
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos que acompanham
a movimentação das taxas de
juros voltaram a sofrer em
2007 pesados saques de recursos, como já havia ocorrido em
2006. Esse movimento fez com
que tanto os fundos DI quanto
os de renda fixa atingissem
suas mais baixas participações
da história no mercado - juntos têm menos de 50% do total
aplicado pelos investidores.
Os fundos de renda fixa, que
ainda se mantêm como a maior
categoria de investimentos do
mercado, representam hoje
30,83% do total aplicado pelos
brasileiros. Criada em 1984, essa categoria chegou a responder por 96,81% de todo o mercado em 1992. Mas desde 2005,
quando contava com 40,7% da
indústria de fundos, só vêm
perdendo aplicadores.
Os fundos DI, que contavam
com 33,61% das aplicações totais do mercado em 1999, encerraram 2007 representando
só 15,29% da indústria.
O processo de queda da taxa
básica de juros da economia, a
Selic, verificado nos últimos
anos, somado às seqüências de
valorizações conquistadas pela
Bovespa, fez com que os investidores passassem a aceitar
correr maiores riscos para tentar manter ou aumentar a rentabilidade oferecida no mercado para suas economias.
Em 2007, os fundos DI tiveram o pior resultado dentre todas as categorias, com captação
negativa de R$ 16,33 bilhões. Os
fundos de renda fixa tiveram
resgates líquidos de R$ 7,46 bilhões no período. Os dados são
da Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Enquanto isso, o mercado de
fundos como um todo conseguiu captação líquida (diferença entre aplicações e resgates)
de R$ 44,77 bilhões em 2007.
Ou seja, em um ano de forte entrada de recursos no mercado
de fundos, os que seguem os juros perderam aplicações.
"Houve uma migração dos
recursos dos investidores no
ano", afirma a consultora de investimentos Márcia Dessen, da
Bankrisk. "O investidor quer
tentar manter os ganhos que tinha antes. Acho importante o
brasileiro começar a testar investimentos de maior risco para ter uma rentabilidade mais
interessante. Mas têm de fazer
essas mudanças com responsabilidade", avalia a consultora.
Os fundos de renda fixa aplicam no mínimo 80% de sua
carteira em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco
de crédito, sendo boa parte desses papéis com taxas prefixadas
(definidas na hora em que são
negociados).
No caso dos fundos DI, investem ao menos 95% do valor de
sua carteira em títulos ou operações que busquem acompanhar as variações do CDI ou da
taxa básica Selic. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma espécie de aplicação
negociada apenas entre os bancos, normalmente pelo prazo
de um dia, que pagam juros.
Para 2008, as menores chances de a Selic cair e as projeções
menos otimistas para a Bolsa
podem ajudar a dar algum impulso aos fundos que seguem as
taxas de juros. O que nenhum
analista pode prever é se as migrações de recursos seguirão.
Além da queda da taxa básica
Selic -que saiu de 18% no começo de 2006 para os atuais
11,25% ao ano-, a incidência de
IR (Imposto de Renda) sobre o
ganho das aplicações, além das
taxas de administração, têm
pesado na hora de o investidor
decidir o que fazer com suas
economias.
"O investidor brasileiro ainda acha que juros abaixo de
duas casas é ruim. Mas tem de
estar atento também ao tamanho da inflação para avaliar o
retorno das aplicações", afirma
Fábio Colombo, administrador
de investimentos.
O IPCA encerrou o ano com
inflação acumulada de 4,46%.
Não é possível dizer com exatidão qual foi o destino dos recursos que saíram dos fundos
de renda fixa e DI. Mas fato é
que os fundos de ações e multimercados receberam forte
aporte de recursos novos no
ano passado.
A poupança também foi muito procurada pelos aplicadores
em 2007, computando captação líquida de R$ 33,4 bilhões,
segundo o Banco Central.
Os fundos de renda fixa pagaram uma média de 12,3% no
ano passado, e os DI, 11,8%, segundo cálculos da Anbid.
A caderneta de poupança deu
rentabilidade de 7,70% em
2007. Mas sobre o retorno da
poupança não incidem nem IR
nem taxa de administração.
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