São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inflação nos EUA e fala de Bernanke ditam semana

Volatilidade deve continuar nos mercados financeiros

DA REPORTAGEM LOCAL

A agenda carregada da semana deve trazer bastante oscilação ao mercado financeiro. Inflação e outros dados econômicos americanos serão divulgados nos próximos dias, com os investidores tentando descobrir qual o verdadeiro impacto da crise financeira na maior economia do mundo.
Amanhã será divulgado o fechamento do PPI (índice de preços ao produtor americano) de 2007. A estimativa é que a taxa tenha ficado em 0,2% em dezembro. Na quarta-feira, investidores e analistas irão conhecer o CPI (inflação ao consumidor), que é um índice de preços ainda mais relevante para o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).
Além disso, no dia vai ser apresentado o "livro bege" -compilação de dados econômicos feita pelo BC do país.
Como a evolução da economia norte-americana está no foco das atenções do mercado financeiro mundial, esse começo de semana pode ser marcado por fortes oscilações nas Bolsas de Valores.
O mercado busca avaliar se haverá condições de o Fomc (comitê do Fed que define os juros) cortar os juros básicos americanos de forma mais pesada neste mês. A primeira reunião do Fomc ocorrerá nos dias 29 e 30 de janeiro.
Neste momento, a maioria dos investidores americanos aposta num corte de 0,50 ponto percentual na taxa de referência dos EUA - o que a levaria de 4,25% para 3,75% anuais. Mas, se a inflação vier muito pressionada, o mercado pode alterar sua expectativa, contando com um corte menos pesado, de 0,25 ponto.
"Com dados econômicos importantes, como o livro bege e a nova fala do Bernanke, tudo nos EUA, as Bolsas mundiais devem seguir nervosas, oscilando de acordo com as apostas em cortes de juros pelo Fed. O Ibovespa deve ser influenciado, mantendo o padrão de alta volatilidade", avalia Gustavo Barbeito, analista da Prosper Gestão de Recursos.
Ben Bernanke, presidente do Fed, falará novamente na quinta-feira. Na semana passada Bernanke deu declarações que sinalizaram que o Fed realmente vai cortar os juros, o que animou os mercados.
"Na semana [passada], um dos pontos relevantes foi o discurso do presidente do Fed, sinalizando uma redução mais forte dos juros para a próxima reunião. Para a semana temos uma agenda externa bem carregada, com destaque para a divulgação da produção industrial e da utilização da capacidade instalada, importantes índices de inflação e confiança da economia norte-americana, que acabarão ditando o ânimo do mercado", afirma análise da corretora Coinvalores.

Preços nacionais
No Brasil, a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) na sexta passada não estragou o humor do mercado pois, apesar de elevada, a taxa de inflação ficou dentro do esperado. A taxa subiu 4,46% no ano passado.
Para a Bolsa é importante que a inflação não seja muito pressionada no país. A ameaça dos preços elevados poderia levar o Copom (Comitê de Política Monetária) a optar por subir a taxa básica brasileira, que está em 11,25% anuais.
"Estimamos que o IPCA encerre 2008 em 4,2%, com alguma folga em relação à meta de 4,5%. Os maiores riscos a esse cenário, do nosso ponto de vista, se encontram, mais uma vez, no grupo dos alimentos, que por questões climáticas ou de demanda mundial podem levar a inflação de 2008 a patamares mais elevados", avalia Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.


Texto Anterior: Ação da BM&F desaba e fica abaixo de valor do IPO
Próximo Texto: Fiesp teme mudança tributária em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.