|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Franco no BC era "escárnio', diz Brizola
e da Sucursal de Brasília
O presidente nacional do PDT,
Leonel Brizola, disse ontem, em
Porto Alegre (RS), que era um "escárnio" para o país ter Gustavo
Franco na presidência do Banco
Central. "Eu achava um escárnio
para o país ter um rapaz como esse
Franco, que não tinha credenciais
para ser diretor do Banco Central."
"Na Europa, entre personalidades importantes, até me comentaram sobre uma fotografia dele que
não parecia uma que estava normal, tal a má impressão que só a fotografia dele causava ."
O ex-governador afirmou ainda
que Franco era "inexperiente, irresponsável, alguém que não desperta nenhuma confiabilidade."
O ex-ministro da Fazenda Ciro
Gomes (PPS) afirmou que o governo federal está fragilizado e que o
país está "na fronteira da ingovernabilidade".
Para Ciro -candidato à última
eleição presidencial, na qual ficou
em terceiro lugar-, o governo não
vai conseguir financiar as dívidas
interna e externa dentro do modelo econômico adotado e não terá
recursos para segurar a cotação do
real frente ao dólar comercial, estabelecida ontem com o alargamento da banda cambial.
Ciro disse que a declaração de
Francisco Lopes (presidente interino do Banco Central) de que as
reservas estão em US$ 44 bilhões
são "chute ou mentira". "O dinheiro do FMI não conta, porque já
vem casado com compromissos
externos do país", disse.
O ex-ministro projetou como
pior cenário, daqui para a frente,
uma grande desvalorização do
real, em um momento de perda de
controle da situação, com consequente inflação e estagflação.
Ele também defende a restrição
ao fluxo cambial de dinheiro de
brasileiros. "É um absurdo um
país sangrando como o Brasil perder US$ 5 bilhões por ano em turismo, com uma fração mínima da
população torrando dólares no exterior com cartões de crédito."
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo colocado na eleição presidencial, acha que a saída de Franco
mostra que "aos poucos, governo
reconhece que sua política econômica está equivocada".
Para Lula, "a saída de Gustavo
Franco não muda nada, pois quem
vai entrar é da mesma equipe".
"Trocar toda a equipe econômica
seria um favor ao povo brasileiro."
O petista disse que a queda do
desemprego depende de uma mudança na política econômica. "Ou
baixamos os juros e mudamos o
câmbio, investindo dinheiro na
produção, ou efetivamente esse
país vai viver uma das piores crises
econômicas."
Leia a seguir a repercussão da
troca de comando no BC entre políticos de diferentes tendências.
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), presidente do Senado - "Gustavo Franco prestou bons serviços,
já estava havia algum tempo no
cargo e achou que era seu momento de sair. E ainda vai prestar contribuição ao governo como bom
conselheiro da área econômica.
Ninguém pode negar os méritos.
Mas pode haver divergências, que
são evitadas por meio da nomeação de pessoas que convirjam mais
com o ponto de vista que o governo queria para hoje."
José Serra ministro da Saúde
-"Substituição de pessoa do governo é assunto exclusivo do presidente e não vou me pronunciar.
Não é da minha competência. O
Congresso vai aprovar as medidas
para ajudar a acabar com a crise.
Um quadro difícil estimula o Congresso, que tem patriotismo."
José Dirceu, presidente nacional
do PT - "O nome de Francisco Lopes para a presidência do Banco
Central não significa necessariamente mudança na política econômica. A crise econômica é gravíssima e a pressão para mexer no câmbio é insuportável. Gustavo Franco
saiu por se dar conta que ia ser fator de desgaste de FHC. O governo,
para responder a essas pressões,
não pode mexer só no câmbio. A
desvalorização sozinha pode ter
consequências trágicas."
Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), líder interino do governo no Congresso - "Em tempos de crise, a palavra de ordem é mudança. A troca
na presidência do Banco Central
ficou dentro do mesmo grupo, do
mesmo pensamento, com a vantagem de que Chico Lopes não está
no centro das críticas."
Inocêncio Oliveira (PE), líder do
PFL na Câmara -"Essa é a maior
crise econômico-financeira que o
país enfrenta desde 1945. O mercado apostava que sairia o Malan,
mas saiu o Gustavo Franco. O Malan fica fortalecido. Nunca houve
um ministro da Fazenda tão forte
quanto o Malan. Ele terá maior
controle da política econômica
porque o Chico Lopes é mais identificado com ele. Neste momento, a
saída de Franco foi positiva."
Aécio Neves (MG), líder do PSDB
na Câmara - "A saída do Gustavo
Franco já era esperada pelo mercado. A entrada do Chico Lopes gera
uma expectativa de mudança na
política cambial e de juros. A troca
oxigena a relação da equipe econômica com o mercado."
Delfim Netto (PPB-SP), deputado federal -"Começou a salvação
do Brasil. Nós começamos a caminhar na posição correta. Há razões
para otimismo. Pelo menos isso revela que o presidente entendeu que
precisa de duas políticas para resolver dois problemas (redução do
déficit e alteração no câmbio). Perdemos quatro anos, mas isso não
tem importância porque quem
perdeu o emprego não foram
eles."
Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara -"O alargamento
da banda cambial poderá facilitar a
queda dos juros. A própria situação, um pouco preocupante, é reveladora da necessidade da aprovação das medidas provisórias e da
regulamentação da reforma administrativa. Não acredito que isso
(troca no comando do Banco Central) possa criar qualquer problema no mercado financeiro."
Fernando Bezerra (PMDB-RN),
presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria) - "A saída
de Gustavo Franco foi uma coisa
natural e esperada. Mostra que esse modelo adotado de política econômica estava esgotado. Nunca,
em momento algum, eu pedi a cabeça de ninguém. Mas o Brasil não
vai parar devido à saída dele."
Colaborou a Reportagem Local
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|