São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2000


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BEBIDAS
Brahma e Antarctica traçam estratégia para, após fusão, recuperar vendas e ficar com 25% do mercado
AmBev quer alavancar refrigerantes

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

Enquanto o imbróglio da criação da AmBev esbarra nas consequências para o mercado de cervejas, Brahma e Antarctica traçam a estratégia que visa recuperar as vendas perdidas na área de refrigerantes, tão logo a fusão seja autorizada pelo governo.
"Queremos pelo menos recuperar o que perdemos. O objetivo é ficar com 25% do mercado", afirmou Victorio de Marchi, que divide com Marcel Telles, da Brahma, a presidência da AmBev.
"Não diria que vamos ameaçar a Coca, não vou tão longe, mas, que vamos crescer vamos, não tenho dúvidas."
Segundo o último levantamento do Instituto Nielsen, relativo ao bimestre outubro/novembro, Antarctica, Brahma e Pepsi juntas têm 16,3% das vendas. No início de 1999, o consumo das três marcas garantia 22,9% do mercado.
Trata-se de um mercado que tem crescido pouco (0,2% no ano passado), mas que vende em torno de 11 bilhões de litros por ano, segundo dados da Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes). Isso significa que o consumo per capita no Brasil é de cerca de 69 litros, como se cada brasileiro bebesse quase 1,5 litro por semana. "Qualquer 1% desse mercado é muita coisa", resume um consultor. De Marchi afirma que, em tempos melhores, só a Antarctica, na área de refrigerantes, já chegou a 15% do mercado -hoje está em 9,4%.
Do final de 1998 a outubro do ano passado, a Coca-Cola avançou de 46,2% para 49,9% do mercado, segundo a Nielsen. Na mesma época, sob a sigla "outras marcas", milhares de refrigerantes desconhecidos juntos arrebanharam 30,9% do mercado -a segunda maior posição.
Mas, segundo De Marchi, não são as "outras marcas" que estão roubando mercado da Antarctica, da Brahma e da Pepsi. "A Coca Cola resolveu, para combater as tubaínas, baixar significativamente seus preços. Não deu para baixar a ponto de deter o crescimento das tubaínas, mas foi bem-sucedido por ter tirado participação das outras três."
A tese é rechaçada pela Coca Cola. "A Coca tem um modelo mais sofisticado de definição de preços, que tem a ver com distribuição, mercado e matérias-primas, o que talvez esteja sendo mal compreendido pela concorrência", afirma o diretor de Comunicação da empresa, Marco Simões.
"Nossa preocupação é ter o melhor produto com o melhor preço. Não houve uma redução generalizada de preços."
A analista de empresas Andréa Teixeira, do FlemingGraphus, diz não acreditar que a AmBev terá como estratégia enfrentar as tubaínas. "Pode resultar na canibalização das marcas. As grandes não vão sacrificar a qualidade pelo preço." De Marchi confirma: "Nossa idéia não é ter preço de tubaína. As nossas marcas têm outro valor."
Quando informa que manterá intactas as redes de distribuição das três marcas (Pepsi, Brahma e Antarctica), a AmBev só não deixa explícito que há um outro caminho para ampliar -e muito- o alcance dos seus produtos no mercado interno.
"As redes de distribuição próprias respondem por metade das vendas", diz De Marchi. A outra metade, completa, vai por supermercados e os chamados distribuidores multimarcas. "Hoje, a venda aos supermercados, até por necessidade tributária, é feita diretamente pelas fábricas, ali sim você tem uma interferência muito forte de distribuição."


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