|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BEBIDAS
Brahma e Antarctica traçam estratégia para, após fusão, recuperar vendas e ficar com 25% do mercado
AmBev quer alavancar refrigerantes
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
Enquanto o imbróglio da criação da AmBev esbarra nas consequências para o mercado de cervejas, Brahma e Antarctica traçam a estratégia que visa recuperar as vendas perdidas na área de
refrigerantes, tão logo a fusão seja
autorizada pelo governo.
"Queremos pelo menos recuperar o que perdemos. O objetivo é
ficar com 25% do mercado", afirmou Victorio de Marchi, que divide com Marcel Telles, da Brahma, a presidência da AmBev.
"Não diria que vamos ameaçar
a Coca, não vou tão longe, mas,
que vamos crescer vamos, não tenho dúvidas."
Segundo o último levantamento do Instituto Nielsen, relativo ao
bimestre outubro/novembro,
Antarctica, Brahma e Pepsi juntas
têm 16,3% das vendas. No início
de 1999, o consumo das três marcas garantia 22,9% do mercado.
Trata-se de um mercado que
tem crescido pouco (0,2% no ano
passado), mas que vende em torno de 11 bilhões de litros por ano,
segundo dados da Abir (Associação Brasileira das Indústrias de
Refrigerantes). Isso significa que
o consumo per capita no Brasil é
de cerca de 69 litros, como se cada
brasileiro bebesse quase 1,5 litro
por semana. "Qualquer 1% desse
mercado é muita coisa", resume
um consultor. De Marchi afirma
que, em tempos melhores, só a
Antarctica, na área de refrigerantes, já chegou a 15% do mercado
-hoje está em 9,4%.
Do final de 1998 a outubro do
ano passado, a Coca-Cola avançou de 46,2% para 49,9% do mercado, segundo a Nielsen. Na mesma época, sob a sigla "outras marcas", milhares de refrigerantes
desconhecidos juntos arrebanharam 30,9% do mercado -a segunda maior posição.
Mas, segundo De Marchi, não
são as "outras marcas" que estão
roubando mercado da Antarctica, da Brahma e da Pepsi. "A Coca
Cola resolveu, para combater as
tubaínas, baixar significativamente seus preços. Não deu para
baixar a ponto de deter o crescimento das tubaínas, mas foi bem-sucedido por ter tirado participação das outras três."
A tese é rechaçada pela Coca
Cola. "A Coca tem um modelo
mais sofisticado de definição de
preços, que tem a ver com distribuição, mercado e matérias-primas, o que talvez esteja sendo mal
compreendido pela concorrência", afirma o diretor de Comunicação da empresa, Marco Simões.
"Nossa preocupação é ter o melhor produto com o melhor preço. Não houve uma redução generalizada de preços."
A analista de empresas Andréa
Teixeira, do FlemingGraphus, diz
não acreditar que a AmBev terá
como estratégia enfrentar as tubaínas. "Pode resultar na canibalização das marcas. As grandes
não vão sacrificar a qualidade pelo preço." De Marchi confirma:
"Nossa idéia não é ter preço de tubaína. As nossas marcas têm outro valor."
Quando informa que manterá
intactas as redes de distribuição
das três marcas (Pepsi, Brahma e
Antarctica), a AmBev só não deixa explícito que há um outro caminho para ampliar -e muito-
o alcance dos seus produtos no
mercado interno.
"As redes de distribuição próprias respondem por metade das
vendas", diz De Marchi. A outra
metade, completa, vai por supermercados e os chamados distribuidores multimarcas. "Hoje, a
venda aos supermercados, até por
necessidade tributária, é feita diretamente pelas fábricas, ali sim
você tem uma interferência muito
forte de distribuição."
Texto Anterior: Saiba como ocorre o resíduo Próximo Texto: Arena do marketing: Para Loducca, teoria publicitária é chata Índice
|