São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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ESPETÁCULO?

Só locais com indústria voltada para agricultura ou para exportação registraram melhora na comparação com 2002

Produção industrial cresce em metade das regiões em 2003

DA SUCURSAL DO RIO

No ano passado, a indústria só teve um bom desempenho nos locais onde é voltada para as exportações ou produz insumos para agricultura. Nas áreas onde se concentram fábricas destinadas a abastecer o mercado interno, os resultados foram ruins.
Segundo o IBGE, a produção da indústria cresceu, em 2003, em 6 das 12 regiões pesquisadas na comparação com 2002. A maior expansão ocorreu no Espírito Santo (11,6%), cuja indústria foi impulsionada por petróleo e exportações de produtos siderúrgicos e celulose.
A maior queda foi verificada em Santa Catarina (2,5%), onde o setor é prioritariamente voltado para o mercado doméstico.
No Estado, caiu a produção de bens cujo comportamento está ligado ao rendimento do trabalhador. São alguns exemplos: alimentos, produtos têxteis, vestuário e matérias plásticas.
A renda teve retração de 12,9% de janeiro a março de 2003 (período para o qual o IBGE tem dados disponíveis) em relação ao mesmo período de 2002.
Para André Macedo, economista do IBGE, essa é a tônica em todas as outras áreas: só cresceu quem conseguiu uma saída para as exportações ou forneceu para a agricultura.
É o caso do Paraná, onde o crescimento foi de 3% em 2003, e do Rio Grande do Sul (3,8%). Nas duas áreas, lideraram a expansão as indústrias de fertilizantes e de máquinas e equipamentos agrícolas.
"Todos os ramos que dependem da massa de salários, que está deprimida há bastante tempo, tiveram um desempenho negativo", disse Macedo.
Em São Paulo, onde a indústria é também voltada ao mercado interno, o crescimento foi de 0,6% em 2003. A taxa ficou acima da média nacional -alta de 0,3% em 2003. É que a indústria paulista também foi beneficiada pela agricultura -subiu, no ano passado, a produção de motores, tratores e colheitadeiras.
Na indústria de São Paulo, os ramos que puxaram para baixo também foram os que dependem de renda para alavancar a produção: vestuário, alimentos e farmacêutica.

Dezembro
Apesar do resultado negativo no ano, houve uma melhora nos dados de dezembro: 8 das 12 áreas pesquisadas aumentaram a produção na comparação com igual mês do ano anterior. Em novembro, apenas cinco áreas haviam registrado expansão.
Em São Paulo, a expansão foi de 2,8%, confirmando a recuperação da indústria no Estado iniciada em agosto. Sustentaram o resultado os ramos de material elétrico e de comunicações e a indústria automobilística. Tal desempenho indica que o aumento do crédito, propiciado pela redução dos juros, já mostra efeitos positivos na produção de bens duráveis.
O destaque positivo foi o Rio Grande do Sul, onde houve uma alta de 10,2% ante dezembro de 2002. O pior desempenho foi o da Bahia, com queda de 11,7%.

Agroindústria
A agroindústria fechou o ano passado com um crescimento de 1,6%. O resultado é considerado positivo diante da quase estagnação da indústria geral, cuja expansão foi de apenas 0,3% no período. A agroindústria inclui produtos derivados da agropecuária (como suco de laranja) e produtos industriais utilizados pela agropecuária, como máquinas, fertilizantes e rações.
O desempenho foi puxado principalmente pelo segmento de máquinas e equipamentos. Favorecido pelo dólar estável e por financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tal segmento obteve um crescimento de 24,4% no ano passado.


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