São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Bovespa cai 2,31% com acusação de corrupção de assessor do governo; moeda dos EUA vai a R$ 2,906

Vídeo derruba Bolsa e eleva dólar e risco

DA REPORTAGEM LOCAL

A divulgação de um vídeo que mostra o subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, Waldomiro Diniz, discutindo com um bicheiro o favorecimento em concorrências em troca de propinas e contribuições eleitorais influenciou negativamente o mercado. A Bolsa fechou em baixa de 2,31%, o dólar interrompeu uma seqüência de quatro quedas e o risco-país do Brasil subiu.
Na avaliação dos operadores, as preocupações são para os possíveis desdobramentos políticos da suspeita de corrupção -e um eventual aparecimento de novas acusações.
A Bovespa operou em baixa durante todo o dia. No pior momento, no início da tarde, o tombo chegou a -3,81%. Para além do escândalo, dois fatores influenciaram a queda: a disputa para a formação de preços, por conta de um vencimento de opções, e um feriado nos EUA, ambos na segunda-feira. A Bolsa paulista fechou a 22.529 pontos, com fluxo de negócios de R$ 1,215 bilhão.
No mercado de câmbio, o fluxo de capitais não foi suficiente para eliminar os efeitos da divulgação do vídeo. O dólar encerrou em alta de 0,34%, cotado a R$ 2,906. Na semana, a moeda norte-americana contabilizou queda de 0,95%.
Conseqüência direta do temor dos investidores sobre os efeitos da suposta corrupção, o risco-país do Brasil subiu 5,67%, para 522 pontos. O C-Bond, título de maior liquidez da dívida, recuou 1,27%, a 97,125% do valor de face.
No mercado futuro, as atenções estiveram voltadas para o IPCA. O índice, de 0,76% em janeiro, ficou dentro das expectativas. Mas os contratos de janeiro de 2005 subiram de 15,3% para 15,42%, o que, em tese, reforça a aposta em manutenção da taxa de juros na reunião do Copom.
Entre analistas, há opiniões divergentes sobre o comportamento do mercado nos próximos dias. ""Vai depender de como o governo conduzir a crise. O mercado ficará ressabiado, temendo que no próximo final de semana apareça mais uma denúncia", diz Alexandre Póvoa, do banco Modal.
""Fosse em outro momento, o mercado ignoraria. Mas, como ele tem operado fraco, uma notícia dessas o atinge em cheio", afirma Luiz Antônio Vaz, da corretora Planner. (JOSÉ ALAN DIAS)


Texto Anterior: Habitação: Caixa vai quitar dívida de mutuário antigo
Próximo Texto: O vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.