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COMÉRCIO
Nem todas as redes varejistas transferem a alta da Selic ao crediário porque demanda continua reprimida
Vendas fracas seguram repasse dos juros
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dois últimos aumentos da
Selic, taxa básica de juros da economia, foram a gota d'água para
algumas grandes redes varejistas,
que já efetuaram o repasse desse
custo aos crediários. No entanto
algumas lojas preferiram não aumentar as taxas por causa da demanda tradicionalmente fraca em
janeiro e em fevereiro, segundo
analistas.
Os lojistas que decidiram pelo
repasse alegam que não aumentaram as taxas quando a Selic
-atualmente em 26,5% ao
ano- sofreu as maiores altas de
2002, entre outubro e dezembro.
Além disso, a decisão do governo de aumentar o recolhimento
do compulsório -dinheiro que
os bancos são obrigados a depositar no Banco Central- encarece
a captação de recursos por parte
das redes varejistas.
Um exemplo é a Casas Bahia,
que está praticando juros de até
5,5% ao mês nos financiamentos
ao consumidor -dois pontos
percentuais a mais em relação à
taxa máxima cobrada antes do último aumento da Selic. Segundo a
assessoria de imprensa da rede
-que banca o crediário com recursos próprios-, a taxa não subia há cerca de oito meses.
Dinheiro caro
"O dinheiro está caro. Depois de
dez meses sem aumentar os juros,
não deu para segurar", afirma
Valdemir Coleone, diretor da Lojas Cem. No final de fevereiro a rede aumentou em até 0,8 ponto
percentual os juros do crediário,
com taxa atual de 5,7% ao mês.
Por outro lado a queda nas vendas a prazo -de 8,2% em fevereiro e no início deste mês em relação ao mesmo período de 2002,
conforme a Associação Comercial de São Paulo- inibe um repasse maior ao crediário.
O Ponto Frio, que aumentou as
taxas do crediário em dezembro
do ano passado, não mexeu nos
juros ao consumidor neste ano
nem pretende aumentá-los nas
próximas semanas, segundo a assessoria de imprensa da rede.
Dado da Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que calcula a taxa média de juros do comércio, não
mostra grande alteração. Em dezembro de 2002 a taxa estava em
6,64%; em janeiro deste ano, em
6,66%. A entidade ainda não fechou os números de fevereiro.
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