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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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COMÉRCIO

Nem todas as redes varejistas transferem a alta da Selic ao crediário porque demanda continua reprimida

Vendas fracas seguram repasse dos juros

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois últimos aumentos da Selic, taxa básica de juros da economia, foram a gota d'água para algumas grandes redes varejistas, que já efetuaram o repasse desse custo aos crediários. No entanto algumas lojas preferiram não aumentar as taxas por causa da demanda tradicionalmente fraca em janeiro e em fevereiro, segundo analistas.
Os lojistas que decidiram pelo repasse alegam que não aumentaram as taxas quando a Selic -atualmente em 26,5% ao ano- sofreu as maiores altas de 2002, entre outubro e dezembro.
Além disso, a decisão do governo de aumentar o recolhimento do compulsório -dinheiro que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central- encarece a captação de recursos por parte das redes varejistas.
Um exemplo é a Casas Bahia, que está praticando juros de até 5,5% ao mês nos financiamentos ao consumidor -dois pontos percentuais a mais em relação à taxa máxima cobrada antes do último aumento da Selic. Segundo a assessoria de imprensa da rede -que banca o crediário com recursos próprios-, a taxa não subia há cerca de oito meses.

Dinheiro caro
"O dinheiro está caro. Depois de dez meses sem aumentar os juros, não deu para segurar", afirma Valdemir Coleone, diretor da Lojas Cem. No final de fevereiro a rede aumentou em até 0,8 ponto percentual os juros do crediário, com taxa atual de 5,7% ao mês.
Por outro lado a queda nas vendas a prazo -de 8,2% em fevereiro e no início deste mês em relação ao mesmo período de 2002, conforme a Associação Comercial de São Paulo- inibe um repasse maior ao crediário.
O Ponto Frio, que aumentou as taxas do crediário em dezembro do ano passado, não mexeu nos juros ao consumidor neste ano nem pretende aumentá-los nas próximas semanas, segundo a assessoria de imprensa da rede.
Dado da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que calcula a taxa média de juros do comércio, não mostra grande alteração. Em dezembro de 2002 a taxa estava em 6,64%; em janeiro deste ano, em 6,66%. A entidade ainda não fechou os números de fevereiro.


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