São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003 |
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Diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo nega erro na divulgação de descoberta de campo em Sergipe Nota sobre poço era para técnicos, diz ANP
GUILHERME BARROS EDITOR DO PAINEL S.A. O embaixador Sebastião do Rego Barros, diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), afirmou que não houve erro na nota divulgada pela agência com a informação da descoberta de um campo gigante pela Petrobras, em Sergipe. Segundo ele, "houve apenas excesso de tecnicismo na nota divulgada pela ANP". De acordo com Rego Barros, o grande problema foi que a nota da ANP não foi escrita para leigos -e sim para técnicos. Mesmo assim, ele mantém todas as informações contidas na nota da ANP. "Os geólogos da ANP me garantem que as informações contidas na nota estão corretas", diz Rego Barros. O diretor-geral admite que houve um problema de discordância técnica entre a ANP e a Petrobras. A Petrobras garante que os números divulgados pela ANP sobre a reserva de óleo descoberta em Sergipe, de 1,9 bilhão de barris, estão superdimensionados. Rego Barros afirmou que, daqui para a frente, a ANP será mais cautelosa ao tornar pública informações como essas. Antes de divulgá-las, ele disse que haverá uma troca de informações entre os técnicos da ANP e os da Petrobras. "Na próxima vez, vamos tomar mais cuidado para não ocorrer uma discussão pública como essa", disse. Rego Barros afirmou, no entanto, que a ANP não deixará de divulgar informações relevantes como a da descoberta do campo de petróleo em Sergipe. "Nós ficaremos em situação difícil se tomarmos conhecimento de uma informação como essa e não a divulgarmos", disse Rego Barros. Na quarta-feira, a Petrobras ficou irritada com a divulgação, pela ANP, da descoberta do campo gigante de petróleo em Sergipe. A Petrobras chegou a divulgar nota afirmando que a ANP informou a descoberta "de forma confusa e incorreta". De acordo com o que a Folha apurou, antes da divulgação da nota o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, tentou convencer Rego Barros a voltar atrás. Dutra pediu que a ANP divulgasse uma nota admitindo o erro da informação anterior. Rego Barros não concordou e, assim, a Petrobras soltou a nota desmentindo a ANP. Rego Barros confirmou à Folha que, na quarta-feira, falou tanto com Dutra como com Dilma Rousseff, ministra de Minas e Energia, e com Maria das Graças Foster, secretária nacional de Petróleo, Gás e Combustíveis Renováveis. De acordo com o diretor-geral da ANP, em nenhuma das conversas ele sofreu pressão por parte dos membros do governo para deixar o cargo. "Todos ficaram satisfeitos com as explicações", disse. Rego Barros admite, porém, que alguns políticos se aproveitaram do momento para se manifestar contra as agências reguladoras, mas isso, segundo ele, é outro problema. Rego Barros está à frente da ANP há um ano e dois meses e seu mandato está previsto para terminar em janeiro de 2005. Texto Anterior: CVM promete concluir investigação em 10 dias Próximo Texto: "Risco Sergipe" Índice |
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