São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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RETOMADA

Pesquisa da FGV indica que 54% dos empresários estimam que a produção vá crescer neste trimestre; cai pressão por reajuste

Maioria das indústrias acredita em expansão

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Com o consumo mais alto e os estoques menores, 54% dos empresários acreditam que a produção da indústria vá crescer neste trimestre (abril a junho). Essa é a previsão de 608 empresários do setor que responderam à prévia da Sondagem Conjuntural, divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Segundo Aloísio Campelo, economista da FGV, o setor está preparado para uma retomada do crescimento, depois de "patinar" nos últimos meses -em fevereiro, houve queda de 1,8% ante janeiro, na taxa com ajuste sazonal. Apenas 14% das empresas prevêem queda na produção neste trimestre.
Neste mês, 22% dos industriais afirmaram que a demanda está forte -mais do que os 15% de janeiro e os 12% de abril de 2003. É o melhor resultado desde abril de 2000, último ano de expansão acelerada da indústria. Entre os entrevistados, 53% esperam uma demanda maior no trimestre.
Em relação aos estoques, apenas 6% dizem que eles são excessivos. Em abril de 2003, o percentual era de 10%.
A demanda mais aquecida e estoques ajustados vão permitir ao setor expandir a produção, avaliou Campelo. O que animou os empresários, segundo ele, foi a redução do juro em março, "ainda que simbólica e com efeito mais psicológico do que real". A taxa Selic caiu 0,25 ponto percentual -de 16,25% para 16% ao ano. Hoje, o BC (Banco Central) vai decidir o juro básico da economia para os próximos 30 dias.
Para Campelo, a crise política gerada pelo caso Waldomiro Diniz não afetou as expectativas do empresariado.
De acordo com o economista, houve uma expectativa "muito otimista" no final de 2003, o que fez a indústria crescer de setembro a novembro. O consumo, porém, não acompanhou o ritmo de expansão, o que fez o setor acumular estoques -25% diziam em outubro que estavam com estoques em excesso.
Apesar da previsão de aumento do consumo, os empresários não elevaram suas expectativas de reajustar preços. Em janeiro, 47% diziam que iriam subir suas tabelas. Esse percentual ficou em 42% em abril.

Reajustes
De acordo com Campelo, os aumentos que estão ocorrendo não são por causa do aquecimento da economia, mas em razão da pressão de custos provocada pela alta de insumos cotados no mercado internacional (metais, petróleo, papel e outros).
A sondagem revelou ainda que as indústrias reduziram a ociosidade das linhas de montagem. Em janeiro, o nível de ocupação do setor era de 78,2%. Em abril, subiu para 82%.
Apesar da queda da ociosidade, Campelo disse que não há espaço para aumento de preços e que um nível "preocupante" de ocupação é acima de 85%. Os aumentos não ocorrerão de modo generalizado, prevê o economista, porque a renda do trabalhador continua deprimida e o mercado de trabalho ainda não reagiu.

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