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RETOMADA
Pesquisa da FGV indica que 54% dos empresários estimam que a produção vá crescer neste trimestre; cai pressão por reajuste
Maioria das indústrias acredita em expansão
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com o consumo mais alto e os
estoques menores, 54% dos empresários acreditam que a produção da indústria vá crescer neste
trimestre (abril a junho). Essa é a
previsão de 608 empresários do
setor que responderam à prévia
da Sondagem Conjuntural, divulgada ontem pela FGV (Fundação
Getúlio Vargas).
Segundo Aloísio Campelo, economista da FGV, o setor está preparado para uma retomada do
crescimento, depois de "patinar"
nos últimos meses -em fevereiro, houve queda de 1,8% ante janeiro, na taxa com ajuste sazonal.
Apenas 14% das empresas prevêem queda na produção neste
trimestre.
Neste mês, 22% dos industriais
afirmaram que a demanda está
forte -mais do que os 15% de janeiro e os 12% de abril de 2003. É o
melhor resultado desde abril de
2000, último ano de expansão
acelerada da indústria. Entre os
entrevistados, 53% esperam uma
demanda maior no trimestre.
Em relação aos estoques, apenas 6% dizem que eles são excessivos. Em abril de 2003, o percentual era de 10%.
A demanda mais aquecida e estoques ajustados vão permitir ao
setor expandir a produção, avaliou Campelo. O que animou os
empresários, segundo ele, foi a redução do juro em março, "ainda
que simbólica e com efeito mais
psicológico do que real". A taxa
Selic caiu 0,25 ponto percentual
-de 16,25% para 16% ao ano.
Hoje, o BC (Banco Central) vai
decidir o juro básico da economia
para os próximos 30 dias.
Para Campelo, a crise política
gerada pelo caso Waldomiro Diniz não afetou as expectativas do
empresariado.
De acordo com o economista,
houve uma expectativa "muito
otimista" no final de 2003, o que
fez a indústria crescer de setembro a novembro. O consumo, porém, não acompanhou o ritmo de
expansão, o que fez o setor acumular estoques -25% diziam em
outubro que estavam com estoques em excesso.
Apesar da previsão de aumento
do consumo, os empresários não
elevaram suas expectativas de
reajustar preços. Em janeiro, 47%
diziam que iriam subir suas tabelas. Esse percentual ficou em 42%
em abril.
Reajustes
De acordo com Campelo, os aumentos que estão ocorrendo não
são por causa do aquecimento da
economia, mas em razão da pressão de custos provocada pela alta
de insumos cotados no mercado
internacional (metais, petróleo,
papel e outros).
A sondagem revelou ainda que
as indústrias reduziram a ociosidade das linhas de montagem.
Em janeiro, o nível de ocupação
do setor era de 78,2%. Em abril,
subiu para 82%.
Apesar da queda da ociosidade,
Campelo disse que não há espaço
para aumento de preços e que um
nível "preocupante" de ocupação
é acima de 85%. Os aumentos não
ocorrerão de modo generalizado,
prevê o economista, porque a renda do trabalhador continua deprimida e o mercado de trabalho
ainda não reagiu.
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