São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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BASE PARA CRESCER

Setor recebeu apenas US$ 6,6 bi em 2003; projeção de US$ 10 bi para este ano pode não ser alcançada

Investimento em infra-estrutura cai 54%

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os investimentos nos setores de infra-estrutura e indústria de base caíram 53,8% no ano passado, totalizando US$ 6,6 bilhões -o nível mais baixo desde 2000. E o setor já trabalha com a possibilidade de não conseguir atingir a marca dos US$ 10,1 bilhões projetados para este ano.
Os dados foram divulgados ontem pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base). Dos US$ 6,6 bilhões investidos, US$ 2,3 bilhões foram destinados a projetos de expansão e modernização da indústria de base (siderurgia, mineração, papel e celulose) e US$ 4,3 bilhões à área de infra-estrutura (energia elétrica, saneamento e transportes, por exemplo).
As projeções para este ano foram feitas em dezembro passado com base nos investimentos considerados "irreversíveis" - aqueles cujos contratos de financiamento já estavam assinados. "Mas temos dúvidas se conseguiremos cumprir a projeção", diz José Augusto Marques, presidente da Abdib.
O que derrubou os investimentos no ano passado -e está pondo em risco a meta de 2004- foi a demora do governo em aprovar as novas regras que disciplinarão a prestação de serviços, pela iniciativa privada, na área de infra-estrutura, o chamado marco regulatório.
O modelo para o setor elétrico foi aprovado no início de março, mas há 34 itens a serem regulamentados por leis complementares. Já as regras para o setor de saneamento ainda não foram enviadas ao Congresso, e o projeto de lei que disciplinará a ação das agências reguladoras só chegou ao legislativo anteontem.
Além disso, a PPP (Parceria Público-Privada), que poderia atrair investidores privados para a área de infra-estrutura, só começará a funcionar em 2005, segundo expectativa da Abdib.
A PPP transfere ao investidor a responsabilidade pelo financiamento das obras em infra-estrutura, que teriam seus custos amortizados pelos lucros decorrentes de sua utilização. O projeto aguarda aprovação do Senado. "Depois será preciso criar o fundo garantidor que dará suporte aos investimentos", diz Marques.
O problema, segundo os empresários, é que o ritmo das decisões do governo está muito aquém das "urgências" do país. "O estilo do atual governo -de discutir à exaustão internamente e com os agentes econômicos- dá mais solidez às decisões, mas a velocidade é baixa", diz Marques.
Na sua opinião, o país precisa de decisões "mais céleres" para atrair investimentos e não ficar para trás num momento de grande liqüidez no mercado internacional.

Faturamento
Apesar da queda dos investimentos, o setor conseguiu aumentar em 14% seu faturamento em 2003. As empresas faturaram R$ 132,1 bilhões, e a projeção é alcançar R$ 140 bilhões neste ano. Em dólares, o crescimento foi de 10,6% (US$ 42,9 bilhões). "Isso é resultado de decisões de investimento tomadas em anos anteriores", diz Marques.
Apesar de as empresas terem faturado mais, o número de empregados caiu 4,7% no ano passado. O corte de pessoal foi uma forma de as empresas se protegerem ante a redução de 9,2% nas encomendas no ano passado. Ao todo, foram fechadas 14 mil vagas.
Outra fonte de preocupação é a queda do nível de utilização da capacidade instalada, que encolheu 7,7% no ano passado. "Aqui pode estar a origem de problemas futuros", diz Marques.

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