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BASE PARA CRESCER
Setor recebeu apenas US$ 6,6 bi em 2003; projeção de US$ 10 bi para este ano pode não ser alcançada
Investimento em infra-estrutura cai 54%
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investimentos nos setores de
infra-estrutura e indústria de base
caíram 53,8% no ano passado, totalizando US$ 6,6 bilhões -o nível mais baixo desde 2000. E o setor já trabalha com a possibilidade de não conseguir atingir a marca dos US$ 10,1 bilhões projetados
para este ano.
Os dados foram divulgados ontem pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base). Dos US$ 6,6 bilhões
investidos, US$ 2,3 bilhões foram
destinados a projetos de expansão
e modernização da indústria de
base (siderurgia, mineração, papel e celulose) e US$ 4,3 bilhões à
área de infra-estrutura (energia
elétrica, saneamento e transportes, por exemplo).
As projeções para este ano foram feitas em dezembro passado
com base nos investimentos considerados "irreversíveis" - aqueles cujos contratos de financiamento já estavam assinados.
"Mas temos dúvidas se conseguiremos cumprir a projeção", diz
José Augusto Marques, presidente da Abdib.
O que derrubou os investimentos no ano passado -e está pondo em risco a meta de 2004- foi a
demora do governo em aprovar
as novas regras que disciplinarão
a prestação de serviços, pela iniciativa privada, na área de infra-estrutura, o chamado marco regulatório.
O modelo para o setor elétrico
foi aprovado no início de março,
mas há 34 itens a serem regulamentados por leis complementares. Já as regras para o setor de saneamento ainda não foram enviadas ao Congresso, e o projeto de
lei que disciplinará a ação das
agências reguladoras só chegou
ao legislativo anteontem.
Além disso, a PPP (Parceria Público-Privada), que poderia atrair
investidores privados para a área
de infra-estrutura, só começará a
funcionar em 2005, segundo expectativa da Abdib.
A PPP transfere ao investidor a
responsabilidade pelo financiamento das obras em infra-estrutura, que teriam seus custos
amortizados pelos lucros decorrentes de sua utilização. O projeto
aguarda aprovação do Senado.
"Depois será preciso criar o fundo
garantidor que dará suporte aos
investimentos", diz Marques.
O problema, segundo os empresários, é que o ritmo das decisões
do governo está muito aquém das
"urgências" do país. "O estilo do
atual governo -de discutir à
exaustão internamente e com os
agentes econômicos- dá mais
solidez às decisões, mas a velocidade é baixa", diz Marques.
Na sua opinião, o país precisa de
decisões "mais céleres" para atrair
investimentos e não ficar para trás
num momento de grande liqüidez no mercado internacional.
Faturamento
Apesar da queda dos investimentos, o setor conseguiu aumentar em 14% seu faturamento
em 2003. As empresas faturaram
R$ 132,1 bilhões, e a projeção é alcançar R$ 140 bilhões neste ano.
Em dólares, o crescimento foi de
10,6% (US$ 42,9 bilhões). "Isso é
resultado de decisões de investimento tomadas em anos anteriores", diz Marques.
Apesar de as empresas terem faturado mais, o número de empregados caiu 4,7% no ano passado.
O corte de pessoal foi uma forma
de as empresas se protegerem ante a redução de 9,2% nas encomendas no ano passado. Ao todo,
foram fechadas 14 mil vagas.
Outra fonte de preocupação é a
queda do nível de utilização da capacidade instalada, que encolheu
7,7% no ano passado. "Aqui pode
estar a origem de problemas futuros", diz Marques.
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