São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Ações do Pão de Açúcar caem 5% com revisão de negócio

Grupo renegocia todos os termos do contrato fechado em dezembro com as Casas Bahia

Baixa foi a maior registrada na Bolsa de SP; família Klein contesta pontos como a avaliação do preço da rede e prazo para a venda de ações

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Praticamente todos os termos do contrato de associação do Grupo Pão de Açúcar com as Casas Bahia estão na mesa de negociação para serem revistos -desde o cronograma para a família Klein vender suas ações até o valor dos ativos.
Ontem, depois que o Pão de Açúcar divulgou comunicado ao mercado confirmando as negociações de revisão do acordo, suas ações despencaram, terminando o pregão em queda de 4,97%. Foi a maior baixa de ontem dentre os papéis que compõem o índice Ibovespa, com analistas temendo que o negócio possa vir a ser desfeito.
No comunicado, o Grupo Pão de Açúcar afirma que o "acordo de associação é válido e perfeitamente eficaz" e que está disposto a chegar a um entendimento. A empresa se manifestou, no documento, "no sentido de continuar em discussões com vistas a um entendimento de forma a assegurar a implementação da associação".
Ontem, advogados e consultores das duas partes -Pinheiro Neto Advogados e Signatura Lazard, do lado de Casas Bahia, e Barbosa, Müssnich e Aragão Advogados e Estáter, pelo Pão de Açúcar- passaram o dia em reunião. A expectativa é que eles cheguem a um consenso. Apesar de ampla, a pauta de revisão do contrato não prevê, segundo a Folha apurou, discussões sobre a venda do controle acionário das Casas Bahia.

Divergências
O acordo que criou o maior grupo varejista da América Latina, com faturamento somado de R$ 40 bilhões, foi assinado no dia 4 de dezembro e já continha um prazo de seis meses para a conclusão das negociações. A pedido de Michel Klein, ele e Abilio Diniz concordaram em rever os termos do contrato em uma reunião ocorrida anteontem em São Caetano do Sul, sede das Casas Bahia.
A família Klein considera que as Casas Bahia foram subavaliadas. Por isso, estaria demandando compensações. A família também discorda do cronograma para que ela possa vender as ações da empresa, previsto no contrato original.
Pelo acordo original, os donos das Casas Bahia não poderão se desfazer das ações pelo prazo de 12 meses. E, no período de um a quatro anos da data da assinatura do acordo, eles só poderão vender até 29% das ações. O acordo prevê que a partir do quinto ano eles vendam até 49% das ações. E só a partir do sexto ano, a contar da data da assinatura do contrato, é que poderão vender a totalidade das ações. O Grupo Pão de Açúcar, em contrapartida, pode, pelo contrato original, vender a totalidade das ações a partir do terceiro ano.
A família Klein também questiona o preço de avaliação de seus ativos. Desse preço depende uma série de contratos entre as partes, como os aluguéis de mais de 500 lojas, que permanecem como propriedade dos Klein.
Pão de Açúcar e Casas Bahia se tornaram sócios em uma nova empresa, que será dona da Globex, rede de bens duráveis que hoje é subsidiária integral do Grupo Pão de Açúcar e dona da rede Ponto Frio.
Para deter o controle da nova empresa (51%), o Pão de Açúcar entrou com a rede Ponto Frio, avaliada em R$ 1,23 bilhão, e com a rede Extra Eletro, avaliada em R$ 120 milhões.
As Casas Bahia foram avaliadas em R$ 1,290 bilhão, valor que contabiliza uma dívida líquida no valor de R$ 950 milhões, entre outros ativos e passivos.
O valor inclui uma fatia de 25% da fábrica de móveis Bartira. Ficaram de fora da operação a propriedade dos imóveis das lojas e dos centros de distribuição das Casas Bahia, 75% da Bartira e mais quase R$ 1 bilhão em créditos recebíveis.


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