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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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LIVRE COMÉRCIO

Plano é ampliar discussões do Mercosul com os EUA, o chamado 4 mais 1, com ênfase em acesso a mercados

Brasil já negocia alternativa à Alca

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro estuda iniciar com seus sócios do Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai) negociações comerciais diretas com os Estados Unidos como alternativa para vencer as dificuldades das discussões no âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o governo está debruçado sobre alternativas que possam garantir que as negociações de livre comércio no continente americano atendam o interesse brasileiro.
Entre as alternativas apresentadas por Amorim está "explorar a possibilidade do 4 mais 1 [negociação direta entre o Mercosul e os Estados Unidos", com ênfase em acesso a mercados".
O governo não está satisfeito com a maneira como as negociações na Alca estão caminhando. "Nós achamos que é preciso fazer alguns ajustes na forma de negociação da Alca", disse Amorim.
O temor do Brasil é que os temas de maior importância para o país -como o fim de subsídios agrícolas americanos- sejam relegados para segundo plano, enquanto as questões de interesse dos Estados Unidos avancem.
"O que não desejamos é ver uma discussão de temas normativos na Alca de questões que não são prioritárias para nós, ao mesmo tempo em que os temas prioritários para nós são levados para o âmbito multilateral [para a OMC"", afirmou o ministro.
Uma das dificuldades das negociações na Alca para o Brasil é a falta de interesse de alguns países em assuntos prioritários para o país. Amorim citou como exemplo a preocupação brasileiras com políticas de desenvolvimento e sociais, que não são de interesse de outros sócios da Alca, segundo o ministro.
A idéia de iniciar as conversas entre o Mercosul e os Estados Unidos conta com o apoio explícito da Argentina e do Uruguai. Nesta semana, o presidente uruguaio, Jorge Batlle, em visita ao Brasil, defendeu as negociações diretas com os Estados Unidos.
No final do mês, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, virá a Brasília para discutir Alca. O governo brasileiro pretende fechar uma proposta de ajustes no processo de negociação da Alca até lá para apresentar a Zoellick.
O próprio prazo para os fim das negociações da Alca -2005- é tratado pelo Brasil apenas como indicativo.
Amorim deixou claro que as preocupações brasileiras não significam falta de interesse do Brasil em fechar um acordo com os Estados Unidos. "Seria quase insensatez não ter interesse no mercado dos Estados Unidos", disse.


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