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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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TRABALHO

Fiesp vê pior abril desde 99 e culpa juros altos

Nível de emprego na indústria paulista recua pela 1ª vez no ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Os indicadores positivos da economia, como a valorização do real em relação ao dólar e a queda do risco-país, ainda não chegaram ao mercado de trabalho.
Após o dado positivo de março, quando o nível de emprego subiu 0,56%, o número de vagas na indústria paulista caiu em abril. A queda foi de 0,20%, o que representou o fechamento de 3.054 vagas, diz a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
É o pior resultado para um mês de abril desde 99, quando a queda foi de 0,40%. Apesar da retração do mês passado, o nível de emprego acumula alta de 0,39% (ou 5.884 vagas) neste ano, principalmente por causa da alta de março.
Clarice Messer, diretora da Fiesp, analisa que a retração no nível de emprego mostra que apenas as exportações não estão conseguindo segurar o crescimento das indústrias. Ela defendeu que os juros básicos sejam baixados na próxima reunião do Copom.
"O dólar está cadente e há uma tendência inequívoca de queda da inflação. E, mesmo assim, os juros não estão sendo baixados. A indústria não aguenta esse arrocho monetário", disse Messer.
A diretora destacou como uma das situações mais complicadas a das indústrias de eletroeletrônicos, cuja queda no nível de emprego foi de 1,47% em abril. No acumulado de 12 meses, a queda no setor é de 5,90%.
"É uma situação conjuntural pela qual todo o setor de bens duráveis está passando. A renda comprimida, o crédito apertado e a inadimplência preocupante afetam especialmente os eletroeletrônicos", declarou Messer.
Os mesmos fatores restringem o crescimento de outro setor, o da construção civil, o que se reflete em desemprego, segundo Messer. Fundição, esquadrias e construções metálicas e mármores e granitos tiveram quedas no nível de emprego de 1,39%, 3,06% e 4,17% em abril, respectivamente.
Renda deprimida é um fator que atrapalhou também o emprego nas indústrias de alimentos e bebidas, de acordo com a diretora. As vagas nas indústrias de congelados e supercongelados caíram 10,52%. No caso de bebidas em geral, a variação foi de 0,15% para o nível de emprego.
Apesar de fatores positivos para a indústria -a chegada da coleção outono-inverno, a comemoração do Dia das Mães e o frio antecipado-, a queda das vagas nas indústrias de malharias e meias e calçados foi de 3,06% e 0,84%, respectivamente. (MAELI PRADO)


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