São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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Depois de retomada até março, economia baixa o ritmo em abril

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos primeiros três meses do ano, a economia apresentou sinais inequívocos de que manteve a rota de recuperação iniciada no final de 2003. Os primeiros dados de abril, no entanto, despejam dúvidas sobre o fôlego para a continuidade da trajetória ascendente.
A indústria de papelão ondulado, chamado de termômetro da economia porque fornece para uma série de setores, desacelerou seu ritmo de expansão: as vendas no mês passado subiram 8,4% sobre igual mês de 2003. Em março, tinham aumentado 13,1% comparadas a março do ano passado.
Também o comércio acusou menor expansão no nível de vendas no mês passado: as consultas ao serviço de proteção ao crédito da Associação Comercial de São Paulo subiram 9,7% em abril contra mesmo mês de 2003 -em março, a elevação fora de 15,7%.
Anteontem, a indústria automobilística apresentou os números de abril. Apesar de as vendas no mercado interno terem aumentado 6,2% contra abril de 2003, o resultado apanha feio de março: foram vendidas 115,5 mil unidades contra as 141,6 mil registradas no mês anterior.
O economista Francisco Pessoa Filho, da LCA Consultores, diz que setores que experimentaram forte expansão entre o final do ano passado e o primeiro trimestre, como bens de consumo, devem mesmo se desacelerar, ""mas se manter num nível melhor que em 2003". Pessoa argumenta que os indicadores do IBGE, divulgados na quarta, apontam um início de reação em outros setores, de semiduráveis e construção civil. ""Estamos acompanhando um ritmo de expansão da economia compatível com um crescimento esperado de 3,5% do PIB no ano."

Trimestre
A retomada da economia no primeiro trimestre se cristalizou em uma série de indicadores. As indústrias do país venderam 9,9% a mais no primeiro trimestre que no mesmo período de 2003, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). A mesma pesquisa apontava que os salários no setor subiram em média 5% no período -em iguais meses do ano passado, tombaram 14%. Em São Paulo, a arrecadação de impostos cresceu 2,9% no trimestre.
De sua parte, o IBGE confirmou que, em março, a produção industrial cresceu 2,1% em relação a fevereiro -embora não evitasse que no primeiro trimestre do ano o resultado fosse negativo em relação ao último trimestre de 2003.
Em termos de produção, março deste ano foi o melhor março da história da indústria automobilística no Brasil. As montadoras produziram 190,2 mil unidades, alta de 23,6% em relação a fevereiro e de 33,8% sobre março de 2003. Igual caminho seguiram as vendas naquele mês: foram comercializadas 141,6 mil unidades, aumento de 37,9% sobre igual mês do ano passado.
Depois de avaliar os números, o economista Paulo Levy, do Ipea, disse que março ratificava a ""virada". O problema é que os indicadores de abril não asseguram nem de longe esse fôlego.


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