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VIZINHO EM CRISE
Governo quer tempo para elaborar proposta para credores privados; missão voltará ao país somente em junho
Argentina adia revisão de acordo com FMI
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino pediu ao
FMI (Fundo Monetário Internacional) o adiamento da terceira
revisão do atual acordo do país
com o organismo, que estava prevista para a próxima semana.
A informação foi divulgada ontem pelo porta-voz da instituição
em Washington, Thomas Dawson. De acordo com o FMI, o governo argentino pretende dedicar-se à elaboração da proposta
que fará aos credores privados de
sua dívida de mais de US$ 100 bilhões, em moratória desde 2002.
Atendendo ao pedido, o FMI
chegará a Buenos Aires apenas
em junho, para analisar as contas
públicas e a política macroeconômica do país, o que está previsto
no acordo de US$ 13 bilhões assinado em setembro de 2003.
Dessa vez, o FMI vai analisar
também as políticas públicas, entre elas o plano anunciado pelo
governo para atravessar a crise de
energia elétrica, que ameaça a
projeção de crescimento econômico (entre 6% e 7% neste ano).
De acordo com Dawson, "a
reestruturação da dívida argentina não é um tema menor para o
FMI". O Fundo vem insistindo
em que a Argentina melhore a
oferta aos credores.
A Argentina vem oferecendo
pagar a dívida com um desconto
de 75% do valor de face, ou seja,
dos cerca de US$ 88 bilhões em
moratória sem incluir os quase
US$ 27 bilhões de juros acumulados, atrasados desde 2002.
Na avaliação do economista
Carlos Arbia, da Consultoria
Exante, a Argentina escolheu "um
péssimo momento" para renegociar a dívida. Segundo ele, desde
que o país decretou moratória, há
28 meses, os Estados Unidos estão
mantendo a taxa de juros em um
patamar historicamente baixo,
1% ao ano. No entanto, o presidente do Fed (banco central americano), Alan Greenspan, já anunciou que os juros vão subir gradativamente.
"Isso fará com que os credores
ofereçam piores condições para a
Argentina", avalia. Segundo Arbia, o governo já deveria ter concluído a reestruturação. Na avaliação do especialista, o país corre
o risco de não renovar o acordo
com o FMI em setembro, caso a
reestruturação não esteja aprovada pelo SEC (Security Exchange
Comission), a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.
Como a maior parte dos títulos
argentinos tem jurisdição em Nova York, o sucesso da renegociação depende da aprovação dessa
comissão, o que poderá levar até
seis meses. "A aprovação pode
não sair até setembro", afirma.
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