São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Economista considera o novo fundo um monstrengo econômico

O fundo soberano anunciado ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não só foi muito mal recebido pelo mercado como também foi considerado mais um capítulo da queda-de-braço entre ele e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Um dos objetivos da criação do fundo seria o de enxugar dólares de dentro do país para impedir uma desvalorização maior da moeda norte-americana, além de apoiar as empresas dispostas a investir no exterior. Ao também atuar no mercado cambial, a Fazenda estaria competindo diretamente com o Banco Central.
O economista José Júlio Senna, sócio-diretor da MCM Consultores, recebeu com espanto a notícia da criação do fundo soberano no Brasil. Ele não vê o menor sentido em criar um fundo no qual o governo capta recursos caros para ajudar empresas a se lançarem no exterior.
Antes de se pensar em financiar empresas a investir fora do Brasil, Senna diz que o Brasil tem uma lista enorme de prioridades que deveriam ser atacadas. "Ou por acaso os problemas de educação e saúde já foram resolvidos?", pergunta o economista. "Não me parece uma idéia sensata e muito menos prioritária do ponto de vista social."
Se há uma preocupação com o câmbio, Senna sugere, então, que o governo promova uma redução generalizada da carga tributária, o que ajudaria a combater a informalidade no país e melhoraria a competitividade das empresas para poder ampliar a exportação.
Em artigo enviado aos clientes, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da Tendências, foi ainda mais duro. Chamou o fundo soberano de monstrengo econômico.
De acordo com Loyola, a maior interferência no mercado de câmbio, pela Fazenda, reduzirá o impacto contracionista da política monetária sobre a demanda agregada, o que tende a exigir juros domésticos mais altos para obter uma mesma meta de inflação.
"Isso significa que a multidão de empresas que têm custo de capital em reais pagará um adicional para que algumas privilegiadas possam financiar modicamente seus projetos de investimento no exterior", afirma Loyola.

PANOS QUENTES

A Fenit e a Fenatec, feiras da indústria têxtil e da tecelagem, neste ano, vão acontecer juntas, depois de mais de 20 anos separadas. A Fenit completa 50 anos e terá uma edição ampliada entre os dias 17 e 20 de junho. Os dois eventos juntos terão mais de 5.000 m2 e expectativa de público de 20 mil pessoas e expositores de São Paulo, outros Estados e países. Eduardo Sanovicz, diretor da Reed Exhibitions Alcantara Machado, associa o crescimento do evento à expansão do consumo na baixa renda e à necessidade de evolução do canal de distribuição em todo o país. "Não é um evento de tendência de moda, de glamour. É um evento de negócio", diz. A Reed Exhibitions Alcantara Machado resulta de uma joint venture formada no final do ano passado entre a Alcantara Machado e a Reed, multinacional promotora de feiras.

MATCH POINT

O Banco do Brasil voltará a patrocinar Gustavo Kuerten. O tenista vai jogar o torneio de Roland Garros com o apoio do banco, que o patrocinou por seis anos. Três vezes campeão do Grand Slam francês e líder do ranking mundial por 43 semanas, Guga se despede da carreira depois do torneio que o consagrou. O contrato atual dura dois anos.

APROXIMAÇÃO

Os recursos destinados a pesquisa na Embrapa estão em alta. O número de projetos subiu de 463 em 2005 para uma estimativa de 776 neste ano. O que permitiu o aumento, segundo Carlos Lazarine, chefe do departamento de P&D da Embrapa, foi uma racionalização maior dos gastos para direcionar mais recursos para a área e a maior aproximação de empresas privadas. Entre os parceiros, estão Basf, Monsanto, Petrobras e Bunge.

FINANCIAMENTO
A Caixa Econômica Federal passa a financiar imóveis usados com regras iguais ao do financiamento de unidades novas. O anúncio será feito hoje pela presidente do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho, no "Feirão Caixa da Casa Própria". Com a medida, haverá ampliação da quota de financiamento e do prazo de amortização, que, em alguns casos, podem chegar a até 100% e 30 anos, respectivamente.

NA CONTA
A Babel, de Julio Anguita, Reginaldo Ferrante e Ricardo Chester, ganhou a conta do projeto BOP (Botton Of Pyramid) da Nestlé. O projeto pretende melhorar a relação com as classes C, D e E.

EMERGENTE
A matriz do Grupo SKF, na Suécia, premia, amanhã, a unidade brasileira por ser a mais produtiva entre as suas 45 fábricas no mundo. A filial do Brasil atingiu 72% da previsão de utilização de sua capacidade de produção para 2007. A China ficou em segundo lugar, com 67%, e a Índia, com 63%.

SORRISO
A Porto Seguro lança amanhã o primeiro consórcio odontológico do Brasil. A empresa quer alcançar um público de cerca de 160 mil cirurgiões dentistas nas principais capitais, 70 mil deles em São Paulo. O serviço oferece a possibilidade de parcelar aparelhos e equipamentos odontológicos.


com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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