São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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análise

"É aplicar na poupança usando cheque especial"

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dar mais detalhes sobre o fundo soberano que o governo vai criar, economistas reforçaram as críticas à medida, principalmente no que diz respeito aos seus objetivos. "O país está vendo iniciativas de outras nações e está se movimentando, o que é positivo. O ministro tem todo o direito de exercer as políticas que achar apropriadas -como apoiar as empresas brasileiras no exterior, mas não pode dar esse nome, porque fundo soberano esse projeto não é", diz Paulo Rabello de Castro, presidente da RC Consultores. Pela definição clássica, o fundo soberano é feito com o excedente de reservas internacionais, aplicadas no exterior.
"Existe, ainda, um claro conflito entre querer incentivar as companhias e ter uma proteção contra eventuais crises, porque o dinheiro investido não teria liquidez imediata", completa Roberto Troster, do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia, regional São Paulo).
Colocar as perspectivas das reservas recentemente descobertas pela Petrobras como uma condição que propicia o estabelecimento do fundo soberano também é um erro, para Rabello de Castro. "Seria mais interessante esperar para ver o que vai efetivamente acontecer no futuro", afirma.
Troster compara a idéia do fundo a um consumidor que utiliza o seu limite de cheque especial para aplicar na poupança. "O país vai conseguir um retorno de 3% ao ano para esse dinheiro, enquanto está pagando 11,75% ao ano na dívida interna", afirma. "Não faz sentido. A fim de beneficiar as empresas, seria mais recomendável simplesmente diminuir a carga tributária, o que aliás traria vantagens para todas elas, e não apenas para o grupo das grandes que conseguem atuar no exterior."
Participando de evento em Nova York, Lisa Schineller, diretora de ratings soberanos da agência Standard & Poor's, que recentemente concedeu ao Brasil o grau de investimento, comentou as medidas de política industrial anunciadas na segunda-feira, dizendo que privilegiar alguns em detrimento de outros não é uma boa estratégia. "Outra opção seria melhorar o clima para investimentos, cortar impostos para todos e reduzir o custo de fazer negócios no país", destacou.


Com agências internacionais


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