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Meirelles defende aperto fiscal maior para conter preços
Presidente do BC vê como "positiva" a proposta de elevação do superávit primário e diz que ciclo de alta dos juros será menor
Ele afirma que avanço do IPCA não se concentra só nos alimentos e que o Banco Central ainda busca o centro da meta de inflação, de 4,5%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem que considera "positiva"
a possibilidade de um maior
aperto fiscal por parte do governo, medida que poderia ajudar a conter a alta da inflação.
Ainda assim, Meirelles não quis
dizer se a medida evitaria ou
não novas elevações nas taxas
de juros, apesar de indicar que
o aperto monetário atualmente
em curso deverá ser menor do
que os que ocorreram em anos
anteriores.
Para o presidente do Banco
Central, a alta recente da inflação não se resume aos alimentos e já se manifesta em outros
reajustes -o que explica a necessidade de uma maior atenção com o comportamento da
inflação. Em audiência pública
na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Meirelles
disse que o BC continua buscando manter a inflação no
centro da meta de 4,5% fixada
pelo governo.
Sobre as medidas que serão
tomadas para garantir o cumprimento desse objetivo, Meirelles citou a taxa Selic como o
principal instrumento para estabilização de preços. "Um possível aumento do superávit primário terá componentes positivos dentro do contexto dos
impulsos fiscais e também na
formação futura das taxas de
juros. Agora, em dito isso, o
Banco Central toma as suas decisões normalmente baseado
numa série enorme de fatores
que são analisados a cada reunião [do Comitê de Política
Monetária do BC]", afirmou.
No sábado passado, a Folha
informou que o governo estuda
a possibilidade de aumentar a
meta de superávit primário
-economia feita para abater
parte da dívida pública- dos
atuais 3,8% do PIB (Produto
Interno Bruto) para algo entre
4,5% e 5%.
A idéia foi levantada porque,
segundo o BC, a principal fonte
de pressão inflacionária é o ritmo de crescimento da economia, que poderia levar a um desequilíbrio entre o nível de
consumo observado no país e a
capacidade produtiva das empresas, abrindo espaço para
reajustes de preços.
O nível de gastos do governo,
ainda de acordo com o BC, é
um dos propulsores desse crescimento, e um superávit maior
ajudaria, em tese, a conter a expansão da economia e, conseqüentemente, as pressões sobre a inflação.
Mesmo sem indicar que um
maior aperto fiscal ajudaria a
conter a alta dos juros por parte do BC, Meirelles afirmou
que o ciclo de aperto monetário tende a ser menor do que os
que ocorreram em anos anteriores, "devido à maior estabilidade da economia".
No mês passado, o BC elevou
a taxa Selic pela primeira vez
em três anos, de 11,25% ao ano
para 11,75%. Na última série de
aumentos nos juros, em 2006,
a taxa subiu de 16% ao ano para
19,75%.
Candidatura em 2010
Meirelles também afirmou
que admite concorrer nas eleições de 2010. Ao sair da audiência, ele foi questionado por jornalistas se pretendia se candidatar ao governo de Goiás. "No
momento sou presidente do
Banco Central, estou dedicado
a isso e vou pensar nesse assunto durante a quarentena", respondeu, referindo-se ao período de quatro meses em que ele
ficará proibido de trabalhar em
bancos depois de deixar seu
cargo no BC.
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