São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Meirelles defende aperto fiscal maior para conter preços

Presidente do BC vê como "positiva" a proposta de elevação do superávit primário e diz que ciclo de alta dos juros será menor

Ele afirma que avanço do IPCA não se concentra só nos alimentos e que o Banco Central ainda busca o centro da meta de inflação, de 4,5%


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que considera "positiva" a possibilidade de um maior aperto fiscal por parte do governo, medida que poderia ajudar a conter a alta da inflação. Ainda assim, Meirelles não quis dizer se a medida evitaria ou não novas elevações nas taxas de juros, apesar de indicar que o aperto monetário atualmente em curso deverá ser menor do que os que ocorreram em anos anteriores.
Para o presidente do Banco Central, a alta recente da inflação não se resume aos alimentos e já se manifesta em outros reajustes -o que explica a necessidade de uma maior atenção com o comportamento da inflação. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Meirelles disse que o BC continua buscando manter a inflação no centro da meta de 4,5% fixada pelo governo.
Sobre as medidas que serão tomadas para garantir o cumprimento desse objetivo, Meirelles citou a taxa Selic como o principal instrumento para estabilização de preços. "Um possível aumento do superávit primário terá componentes positivos dentro do contexto dos impulsos fiscais e também na formação futura das taxas de juros. Agora, em dito isso, o Banco Central toma as suas decisões normalmente baseado numa série enorme de fatores que são analisados a cada reunião [do Comitê de Política Monetária do BC]", afirmou.
No sábado passado, a Folha informou que o governo estuda a possibilidade de aumentar a meta de superávit primário -economia feita para abater parte da dívida pública- dos atuais 3,8% do PIB (Produto Interno Bruto) para algo entre 4,5% e 5%.
A idéia foi levantada porque, segundo o BC, a principal fonte de pressão inflacionária é o ritmo de crescimento da economia, que poderia levar a um desequilíbrio entre o nível de consumo observado no país e a capacidade produtiva das empresas, abrindo espaço para reajustes de preços.
O nível de gastos do governo, ainda de acordo com o BC, é um dos propulsores desse crescimento, e um superávit maior ajudaria, em tese, a conter a expansão da economia e, conseqüentemente, as pressões sobre a inflação.
Mesmo sem indicar que um maior aperto fiscal ajudaria a conter a alta dos juros por parte do BC, Meirelles afirmou que o ciclo de aperto monetário tende a ser menor do que os que ocorreram em anos anteriores, "devido à maior estabilidade da economia".
No mês passado, o BC elevou a taxa Selic pela primeira vez em três anos, de 11,25% ao ano para 11,75%. Na última série de aumentos nos juros, em 2006, a taxa subiu de 16% ao ano para 19,75%.

Candidatura em 2010
Meirelles também afirmou que admite concorrer nas eleições de 2010. Ao sair da audiência, ele foi questionado por jornalistas se pretendia se candidatar ao governo de Goiás. "No momento sou presidente do Banco Central, estou dedicado a isso e vou pensar nesse assunto durante a quarentena", respondeu, referindo-se ao período de quatro meses em que ele ficará proibido de trabalhar em bancos depois de deixar seu cargo no BC.


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