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BANCO SANTOS
Museus podem perder obras de arte de Edemar Cid Ferreira
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O STJ (Superior Tribunal
de Justiça) decidiu ontem
que a competência para julgar o destino das cerca de 12
mil obras de arte do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira
é do juiz estadual responsável pelo processo de falência
do Banco Santos, Caio Marcelo de Oliveira. A decisão indica que a coleção pode ser
leiloada, e os recursos, usados para abater dívidas com
os credores da instituição.
A resolução do STJ anula a
determinação do juiz federal
Fausto De Sanctis, que mandou que as obras, em processo de tombamento, fossem
destinadas em definitivo a
bibliotecas e museus. Segundo a legislação, bens adquiridos com recursos ilícitos
pertencem à União, salvo o
direito de lesados de boa-fé
-o juiz federal afirma que os
credores do banco não podem ser classificados como
tal, argumento negado pelo
administrador da massa falida do banco, Vanio Aguiar.
"Essa decisão era esperada
e está correta", diz Aguiar.
A Advocacia Geral da
União, porém, avalia que a
coleção pertence ao Estado e
pode recorrer da decisão do
STJ. O Ministério Público
Federal também tem a possibilidade de recorrer.
A decisão do STJ não significa que as obras serão imediatamente retiradas dos
museus. O juiz de falências
havia determinado que os
bens fossem adicionados à
massa falida, mas ele só pode
decidir se haverá leilão depois que o Tribunal de Justiça determinar se a falência
do banco será estendida a
empresas que eram de Cid
Ferreira e detêm parte da coleção. O banqueiro argumenta que obras dessas empresas
não cabem à massa falida.
O advogado de Cid Ferreira, Arnaldo Malheiros Filho,
diz que o banqueiro é favorável a usar seu patrimônio -e
não o das empresas- para
abater dívidas. "Consideramos a decisão do STJ correta. O Edemar sempre sustentou que seu patrimônio seja
usado para reduzir passivos."
O MAC (Museu de Arte
Contemporânea da USP),
que recebeu cerca de 1.500
obras do ex-banqueiro, defende que as obras fiquem no
acervo. "Não só a parte da coleção que ficou com o MAC,
mas toda ela não tem similar
em outra coleção pública no
país. É importante que elas
permaneçam onde estão",
diz a vice-diretora do museu,
Helouise Costa.
(VERENA FORNETTI)
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