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Quatro são presos no RS suspeitos de esquema de R$ 2 bi
Suposta pirâmide financeira é comparada pela PF à realizada pelo norte-americano Bernard Madoff
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Quatro pessoas foram presas
ontem em Porto Alegre suspeitas de participação em crimes
contra o sistema financeiro e
lavagem de dinheiro. Estimativa da Polícia Federal aponta
que o grupo movimentou ao
menos R$ 2 bilhões.
Segundo a Polícia Federal, o
grupo era liderado por uma
mulher, que atuava como agente de investimentos. Ela não teve a identidade revelada. Os outros três presos -dois homens
e uma mulher- também não tiveram os nomes divulgados.
O suposto esquema consistia
na montagem de uma rede de
captadores que, mediante comissão, angariava clientes com
a promessa de pagamento de
juros acima do valor de mercado em aplicações financeiras. A
Polícia Federal classifica a ação
de pirâmide financeira.
"Em síntese, pagavam-se os
rendimentos dos clientes com
valores aportados por novos
clientes ou por novas aplicações de clientes antigos. Como
o número de novos clientes e
novas aplicações não se manteve, a pirâmide financeira entrou em colapso", disse a PF
gaúcha por meio de nota.
A atuação do grupo é comparada pela PF ao esquema que
levou para a prisão o financista
norte-americano Bernard Madoff. O ex-presidente da Bolsa
eletrônica Nasdaq se declarou
culpado de ter elaborado um
esquema de pirâmide financeira estimado em US$ 65 bilhões,
que causou perdas a milhares
de clientes em todo o mundo
-inclusive no Brasil.
O esquema de Madoff prometia retornos altos e fixos aos
investidores (em torno de 10%
a 14% ao ano). Esse dinheiro,
porém, não vinha do rendimento das aplicações, mas da
entrada de novos clientes.
Com a queda das Bolsas
mundiais devido à crise em
2008, o esquema de Madoff começou a ruir. Vários investidores decidiram retirar suas aplicações e o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagá-los. Ele afirmou em março que
não investia o dinheiro recebido dos clientes, deixava-o em
uma conta em um banco que
também era usada para pagar
os supostos lucros.
A operação em que as quatro
prisões ocorreram em Porto
Alegre foi batizada de M em razão da comparação com o esquema de Madoff e também
porque, segundo a PF, a letra é
a inicial do primeiro nome de
uma das presas.
Cerca de 40 agentes participaram da operação. Além das
prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em
Porto Alegre, Caxias do Sul e
Santa Cruz do Sul.
"Há uma grande quantidade
de pessoas lesadas na sociedade gaúcha, desde pequenos investidores, que se desfizeram
de bens e economias para realizar a aplicação, até grandes empresas", afirmou a Polícia Federal no comunicado.
Cheques de investidores de
até R$ 5 milhões foram apreendidos com o grupo. Os quatro
presos serão indiciados por formação de quadrilha, estelionato, crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de
dinheiro. Se condenados, podem cumprir penas de até 30
anos de reclusão.
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