São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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Quatro são presos no RS suspeitos de esquema de R$ 2 bi

Suposta pirâmide financeira é comparada pela PF à realizada pelo norte-americano Bernard Madoff

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Quatro pessoas foram presas ontem em Porto Alegre suspeitas de participação em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Estimativa da Polícia Federal aponta que o grupo movimentou ao menos R$ 2 bilhões.
Segundo a Polícia Federal, o grupo era liderado por uma mulher, que atuava como agente de investimentos. Ela não teve a identidade revelada. Os outros três presos -dois homens e uma mulher- também não tiveram os nomes divulgados.
O suposto esquema consistia na montagem de uma rede de captadores que, mediante comissão, angariava clientes com a promessa de pagamento de juros acima do valor de mercado em aplicações financeiras. A Polícia Federal classifica a ação de pirâmide financeira.
"Em síntese, pagavam-se os rendimentos dos clientes com valores aportados por novos clientes ou por novas aplicações de clientes antigos. Como o número de novos clientes e novas aplicações não se manteve, a pirâmide financeira entrou em colapso", disse a PF gaúcha por meio de nota.
A atuação do grupo é comparada pela PF ao esquema que levou para a prisão o financista norte-americano Bernard Madoff. O ex-presidente da Bolsa eletrônica Nasdaq se declarou culpado de ter elaborado um esquema de pirâmide financeira estimado em US$ 65 bilhões, que causou perdas a milhares de clientes em todo o mundo -inclusive no Brasil.
O esquema de Madoff prometia retornos altos e fixos aos investidores (em torno de 10% a 14% ao ano). Esse dinheiro, porém, não vinha do rendimento das aplicações, mas da entrada de novos clientes.
Com a queda das Bolsas mundiais devido à crise em 2008, o esquema de Madoff começou a ruir. Vários investidores decidiram retirar suas aplicações e o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagá-los. Ele afirmou em março que não investia o dinheiro recebido dos clientes, deixava-o em uma conta em um banco que também era usada para pagar os supostos lucros.
A operação em que as quatro prisões ocorreram em Porto Alegre foi batizada de M em razão da comparação com o esquema de Madoff e também porque, segundo a PF, a letra é a inicial do primeiro nome de uma das presas.
Cerca de 40 agentes participaram da operação. Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul.
"Há uma grande quantidade de pessoas lesadas na sociedade gaúcha, desde pequenos investidores, que se desfizeram de bens e economias para realizar a aplicação, até grandes empresas", afirmou a Polícia Federal no comunicado.
Cheques de investidores de até R$ 5 milhões foram apreendidos com o grupo. Os quatro presos serão indiciados por formação de quadrilha, estelionato, crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro. Se condenados, podem cumprir penas de até 30 anos de reclusão.


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