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Consumidor pagou o dobro por combustíveis
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O balanço financeiro da Petrobras referente ao primeiro
trimestre revelou que os consumidores brasileiros pagaram
pelos derivados de petróleo
(gás de cozinha, diesel e gasolina) mais do que o dobro do preço do barril. Segundo a própria
estatal, a Petrobras recebeu,
em média, US$ 32,23 pelo barril de petróleo bruto, valor que
baixou no rastro da crise internacional. Ao mesmo tempo, recebeu pelos derivados que vendeu a partir do mesmo barril,
em média, US$ 70,53.
O prêmio de US$ 38,30 pago
pelos consumidores do país à
Petrobras por ter os derivados
de que precisa foi, no período,
mais de quatro vezes maior do
que os consumidores norte-americanos pagaram pelos
mesmos produtos.
A cifra de US$ 70,53, que corresponde ao equivalente de um
barril de petróleo em derivados, refere-se ao preço de refinaria, sem os impostos e sem as
margens das distribuidoras e
do varejo. É, portanto, uma parte do custo total do combustível
pago pelo consumidor brasileiro, que na bomba é ainda maior.
Os números foram apresentados ontem, em São Paulo, pelo diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, a analistas e acionistas que participaram da apresentação dos resultados, em evento da Apimec
(Associação dos Analistas e
Profissionais de Investimento
do Mercado de Capitais).
O resultado dessa diferença
entre o preço do barril e aquele
alcançado pelo equivalente em
derivados foi o responsável pelo excepcional resultado financeiro da área de abastecimento
da Petrobras no primeiro trimestre de 2009. O lucro operacional, que havia sido negativo
em R$ 1,39 bilhão no quarto trimestre de 2008, subiu para R$
7,11 bilhões nos primeiros três
meses deste ano. Segundo Barbassa, isso também colaborou
para garantir o lucro líquido de
R$ 5,81 bilhões ante os R$ 6,18
bilhões apurados no período
imediatamente anterior.
Pressão nos preços
Os números sustentam a
pressão para a Petrobras revisar para baixo os preços da gasolina, do diesel e do GLP. Sobre o assunto, Barbassa evitou
emitir avaliações sobre qual
poderá ser o comportamento
dos preços no mercado interno.
O resultado, na verdade, ajuda a
estatal a cumprir o amplo plano
de investimentos de US$ 174
bilhões até 2013.
Além disso, o próprio Barbassa lembrou que o preço do
barril de petróleo voltou a subir
no mercado internacional nas
últimas semanas, revertendo a
tendência de queda registrada
no primeiro trimestre.
"O Brent [um tipo de petróleo negociado no mercado internacional] já acumula alta de
15% nos últimos dez dias. A gasolina nos Estados Unidos soma elevação de 17% nos últimos dez dias", disse.
A Folha levantou com um
analista de um grande banco
que, desde o início do governo
Lula, a Petrobras acumulou um
déficit na "conta gasolina" de
R$ 6,3 bilhões e um superávit
de também R$ 6,3 bilhões na
"conta diesel". O cálculo é feito
tomando o preço de gasolina e
do diesel no mercado do golfo
do México sobre os volumes
negociados pela estatal brasileira. De acordo com ele, o diesel, energia essencial para o
movimento da economia, está
bancando a gasolina, usada, basicamente, pelo grupo de veículos leves.
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