São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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Consumidor pagou o dobro por combustíveis


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O balanço financeiro da Petrobras referente ao primeiro trimestre revelou que os consumidores brasileiros pagaram pelos derivados de petróleo (gás de cozinha, diesel e gasolina) mais do que o dobro do preço do barril. Segundo a própria estatal, a Petrobras recebeu, em média, US$ 32,23 pelo barril de petróleo bruto, valor que baixou no rastro da crise internacional. Ao mesmo tempo, recebeu pelos derivados que vendeu a partir do mesmo barril, em média, US$ 70,53.
O prêmio de US$ 38,30 pago pelos consumidores do país à Petrobras por ter os derivados de que precisa foi, no período, mais de quatro vezes maior do que os consumidores norte-americanos pagaram pelos mesmos produtos.
A cifra de US$ 70,53, que corresponde ao equivalente de um barril de petróleo em derivados, refere-se ao preço de refinaria, sem os impostos e sem as margens das distribuidoras e do varejo. É, portanto, uma parte do custo total do combustível pago pelo consumidor brasileiro, que na bomba é ainda maior.
Os números foram apresentados ontem, em São Paulo, pelo diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, a analistas e acionistas que participaram da apresentação dos resultados, em evento da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
O resultado dessa diferença entre o preço do barril e aquele alcançado pelo equivalente em derivados foi o responsável pelo excepcional resultado financeiro da área de abastecimento da Petrobras no primeiro trimestre de 2009. O lucro operacional, que havia sido negativo em R$ 1,39 bilhão no quarto trimestre de 2008, subiu para R$ 7,11 bilhões nos primeiros três meses deste ano. Segundo Barbassa, isso também colaborou para garantir o lucro líquido de R$ 5,81 bilhões ante os R$ 6,18 bilhões apurados no período imediatamente anterior.

Pressão nos preços
Os números sustentam a pressão para a Petrobras revisar para baixo os preços da gasolina, do diesel e do GLP. Sobre o assunto, Barbassa evitou emitir avaliações sobre qual poderá ser o comportamento dos preços no mercado interno. O resultado, na verdade, ajuda a estatal a cumprir o amplo plano de investimentos de US$ 174 bilhões até 2013.
Além disso, o próprio Barbassa lembrou que o preço do barril de petróleo voltou a subir no mercado internacional nas últimas semanas, revertendo a tendência de queda registrada no primeiro trimestre.
"O Brent [um tipo de petróleo negociado no mercado internacional] já acumula alta de 15% nos últimos dez dias. A gasolina nos Estados Unidos soma elevação de 17% nos últimos dez dias", disse.
A Folha levantou com um analista de um grande banco que, desde o início do governo Lula, a Petrobras acumulou um déficit na "conta gasolina" de R$ 6,3 bilhões e um superávit de também R$ 6,3 bilhões na "conta diesel". O cálculo é feito tomando o preço de gasolina e do diesel no mercado do golfo do México sobre os volumes negociados pela estatal brasileira. De acordo com ele, o diesel, energia essencial para o movimento da economia, está bancando a gasolina, usada, basicamente, pelo grupo de veículos leves.


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