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Governo teme que polêmica acabe na Justiça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cobrado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o
presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ao
chefe ter segurança de que
são legais as mudanças feitas
no sistema de pagamento de
impostos da estatal. O governo avalia, porém, que a disputa entre a empresa e a Receita pode parar na Justiça
caso não seja tomada uma
decisão política sobre o caso.
Segundo a Folha apurou, a
preocupação dentro do governo é que outras empresas
tenham feito a mesma mudança contábil no seu recolhimento de impostos que a
Petrobras fez, o que levou a
uma arrecadação menor nos
últimos meses por parte da
Receita Federal.
Caso a estatal e essas empresas sejam obrigadas a pagar seus impostos pela sistemática anterior, elas podem
ter dificuldades econômicas
exatamente num momento
em que o governo aposta numa recuperação da economia brasileira. E, no caso da
Petrobras, prejudicar principalmente o nível de investimento da estatal.
Ontem, no Ministério da
Fazenda, a ordem era para
que a Receita baixasse a temperatura do caso. Técnicos
do órgão continuam avaliando o procedimento adotado
pela Petrobras, o que pode
resultar em processo e aplicação de multa.
Um auxiliar do presidente
Lula aposta numa solução
negociada para o caso. Um
dos motivos é que ministros
sabiam da mudança adotada
para pagar menos impostos
e evitar efeitos negativos no
caixa da empresa por conta
de mudanças no câmbio.
Na época, contudo, o tema
foi tratado como algo legal e
ninguém questionou a mudança, considerada inclusive
uma solução num momento
em que a empresa chegou a
ter de recorrer a empréstimos para pagar impostos.
Gabrielli esteve anteontem com Lula em Cubatão.
Antes de uma cerimônia, o
presidente o questionou sobre a polêmica. Depois de
ouvir a explicação de Gabrielli, Lula perguntou como ele
tinha certeza de que estava
certo. O presidente da estatal, então, disse que antes havia consultado o departamento jurídico da empresa e
obtido pareceres que embasavam a decisão tomada.
CPI
O PSDB protocolou ontem
no Senado a CPI da Petrobras, também destinada a investigar a ANP (Agência Nacional do Petróleo). A proposta do senador Alvaro Dias
(PSDB-PR) contou com o
apoio de 25 parlamentares
da oposição e 7 da base aliada. Nenhum petista apoiou o
requerimento.
Para que seja instalada, falta a leitura do texto em plenário, o que depende do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Ontem, em reunião do
conselho político, Lula pediu
a seus líderes que evitem a
instalação da comissão.
(VALDO CRUZ e ANDREZA MATAIS)
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