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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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COMÉRCIO

Desemprego e renda em queda param setor, que vê alento na exportação

Juro alto freia mercado de móveis

VINICIUS ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de móveis no país está se segurando nas exportações para não cair ainda mais. Associações de fabricantes de móveis e lojistas do setor ouvidos pela Folha dizem que tanto produção como vendas passam por um momento de crise no mercado interno. Altas taxas de juros, crédito escasso, desemprego e queda do poder aquisitivo foram apontados como os grandes "freios" no setor.
"Móveis são o que as pessoas primeiro deixam de comprar", diz Mohamad Kahlil Mazloum, presidente da Associação dos Lojistas do Shopping Interlar Aricanduva. Segundo Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer Desenvolvimentos Empresariais, consultoria especializada em comércio varejista, as cadeias de lojas de móveis e eletrodomésticos têm recorrido a diversos tipos de promoções para atrair o consumidor, que está comprando menos.
A PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) de abril, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira, mostra que a atividade comercial caiu 3,82% na comparação com abril de 2002. O setor de móveis e eletrodomésticos puxou o resultado para baixo, com queda de 16,62%.
Segundo Domingos Sávio Rigone, presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), o período de janeiro a maio deste ano foi um "desastre". "Registramos pelo menos 20% de queda em relação ao primeiros cinco meses do ano passado, que já foi ruim", diz o presidente da Abimóvel.
Sérgio Dalla Costa, presidente da Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul), diz que diversas empresas do Estado já diminuíram a jornada de trabalho em até dois dias por semana. Até março, o crescimento ficou em 29,2%, mas com os resultados de abril esse número cai para 23,4%. Para maio, espera-se queda de mais três pontos percentuais.

Exportações
O fraco desempenho no mercado interno melhora um pouco no caso das exportações. A Abimóvel registrou aumento de 21% nas vendas externas de móveis de janeiro a abril deste ano em relação a abril de 2002. Mas, diz Rigone, o país exporta pouco.
"No ano passado, faturamos US$ 535 milhões [R$ 1,562 bilhão, convertido pelo dólar médio do ano passado, R$ 2,92] com exportações. No mercado interno, chegamos a R$ 10,3 bilhões." Os principais países compradores dos móveis produzidos no Estado são EUA (22%), Inglaterra (16%) e França (14%).

Promoções
Para atrair o consumidor, algumas lojas se valem de promoções, que vão desde 50% de desconto no preço à vista até 20 vezes sem juros. Mesmo assim, há consumidores que ainda acham os preços altos. O comerciante Neuro Donizete Silva, 37, ao procurar um berço para a filha, encontrou preços que vão de R$ 400 a R$ 600. "Vou acabar comprando o berço em loja porque o marceneiro a quem encomendo móveis não faz berços. Mas a cama que ele fez para mim ficou em R$ 500 e nas lojas estava cerca de R$ 1.000", diz.


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