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COMÉRCIO
Desemprego e renda em queda param setor, que vê alento na exportação
Juro alto freia mercado de móveis
VINICIUS ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria de móveis no país
está se segurando nas exportações
para não cair ainda mais. Associações de fabricantes de móveis e lojistas do setor ouvidos pela Folha
dizem que tanto produção como
vendas passam por um momento
de crise no mercado interno. Altas
taxas de juros, crédito escasso, desemprego e queda do poder aquisitivo foram apontados como os
grandes "freios" no setor.
"Móveis são o que as pessoas
primeiro deixam de comprar",
diz Mohamad Kahlil Mazloum,
presidente da Associação dos Lojistas do Shopping Interlar Aricanduva. Segundo Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer Desenvolvimentos Empresariais, consultoria especializada em comércio varejista, as cadeias de lojas de
móveis e eletrodomésticos têm
recorrido a diversos tipos de promoções para atrair o consumidor,
que está comprando menos.
A PMC (Pesquisa Mensal de
Comércio) de abril, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) nesta
quinta-feira, mostra que a atividade comercial caiu 3,82% na comparação com abril de 2002. O setor de móveis e eletrodomésticos
puxou o resultado para baixo,
com queda de 16,62%.
Segundo Domingos Sávio Rigone, presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias
do Mobiliário), o período de janeiro a maio deste ano foi um
"desastre". "Registramos pelo
menos 20% de queda em relação
ao primeiros cinco meses do ano
passado, que já foi ruim", diz o
presidente da Abimóvel.
Sérgio Dalla Costa, presidente
da Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do
Rio Grande do Sul), diz que diversas empresas do Estado já diminuíram a jornada de trabalho em
até dois dias por semana. Até
março, o crescimento ficou em
29,2%, mas com os resultados de
abril esse número cai para 23,4%.
Para maio, espera-se queda de
mais três pontos percentuais.
Exportações
O fraco desempenho no mercado interno melhora um pouco no
caso das exportações. A Abimóvel
registrou aumento de 21% nas
vendas externas de móveis de janeiro a abril deste ano em relação
a abril de 2002. Mas, diz Rigone, o
país exporta pouco.
"No ano passado, faturamos
US$ 535 milhões [R$ 1,562 bilhão,
convertido pelo dólar médio do
ano passado, R$ 2,92] com exportações. No mercado interno, chegamos a R$ 10,3 bilhões." Os principais países compradores dos
móveis produzidos no Estado são
EUA (22%), Inglaterra (16%) e
França (14%).
Promoções
Para atrair o consumidor, algumas lojas se valem de promoções,
que vão desde 50% de desconto
no preço à vista até 20 vezes sem
juros. Mesmo assim, há consumidores que ainda acham os preços
altos. O comerciante Neuro Donizete Silva, 37, ao procurar um berço para a filha, encontrou preços
que vão de R$ 400 a R$ 600. "Vou
acabar comprando o berço em loja porque o marceneiro a quem
encomendo móveis não faz berços. Mas a cama que ele fez para
mim ficou em R$ 500 e nas lojas
estava cerca de R$ 1.000", diz.
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