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MARCHA LENTA
Euforia com vitória no Iraque cede, e consumidor fica mais pessimista; mercado prevê novo corte nos juros
Depois da guerra, confiança cai nos EUA
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos experimentaram dias de recuperação na atividade depois do encerramento
dos bombardeios ao Iraque, mas
a economia do país voltou a dar
sinais de desaceleração. Para os
analistas de Wall Street, já é praticamente certo que o Federal Reserve (banco central norte-americano) reduzirá ainda mais as taxas de juros.
A confiança dos consumidores
norte-americanos sofreu, neste
mês, a queda mais acentuada do
ano. De acordo com números
preliminares da Universidade de
Michigan, o índice de confiança
recuou de 92,1 pontos, no mês
passado, para 87,2 pontos, um
tombo inesperado pelos economistas, que esperavam uma leitura em torno de 93 pontos.
Desalento
"Havia rumores de que os números sobre a confiança poderiam ser decepcionantes. Mas isso
é mais que decepcionante", disse
Chris Rupkey, economista do
Bank of Tokyo-Mitsubishi, em
Nova York.
A queda foi puxada pela deterioração das expectativas dos
consumidores. Isso quer dizer
que o norte-americano está menos confiante sobre suas condições econômicos.
Como o consumo é responsável
por dois terços da economia dos
EUA, o índice é um dos mais observados pelos analistas. O crescimento no desemprego, que subiu
a seu maior nível em nove anos
(6,1%), explica em grande parte a
queda na confiança.
Para os economistas, está ocorrendo um fenômeno semelhante
ao ocorrido após a Guerra do Golfo, em 1991. "Parece que haverá
uma repetição de 1991", disse Stan
Shipley, economista da corretora
Merrill Lynch. "Tivemos um salto
na confiança após a guerra. Então
as pessoas começam olhar para os
lados, à procura de empregos, e
não acham nada."
As Bolsas norte-americanas,
que passavam por uma recuperação nas últimas semanas, tomaram uma ducha de água fria e encerram o dia em queda. O índice
Dow Jones perdeu 0,86%, e a Nasdaq caiu 1,64%.
Números ruins
Dois outros indicadores expõem a retração da demanda doméstica norte-americana. Em
abril, as importações recuaram, e
o índice de preços no atacado caiu
0,3% no mês passado.
Se o Fed decidir cortar os juros,
no dia 25, será a 13ª redução desde
janeiro de 2001. A taxa, que naquela época era de 6,5% ao ano,
está agora em 1,25% ao ano, a menor em mais de quatro décadas.
A expectativa de queda nos juros derrubou o rendimentos dos
Treasuries, os títulos do Tesouro
norte-americano. O retorno dos
papéis de curto prazo, com vencimento em dois anos, caiu ontem
para 1,07% ao ano, o menor nível
de todos os tempos.
A queda nos preços do petróleo
ajudou os EUA a reduzirem seu
déficit comercial, mas, ainda assim, o buraco foi terceiro maior
da história do país, em termos nominais. A exportações recuaram
para o menor valor desde abril do
ano passado, um sinal da retração
na economia mundial.
De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o déficit
nas transações de mercadorias e
serviços recuou para US$ 42,3 bilhões em abril, ante US$ 42,87 bilhões em março.
Os números do Departamento
do Comércio indicam que a desvalorização do dólar na comparação com o euro ainda não surtiu
efeito nas exportações do país. O
déficit norte-americano equivale
a 5% do PIB (Produto Interno
Bruto) do país, um número tido
elevado e que tem provocado o
enfraquecimento do dólar.
Para financiar o déficit, os EUA
precisam receber US$ 1,5 bilhão
em investimentos a cada dia útil.
Com isso não tem ocorrido, o dólar vem se desvalorizando ante as
principais moedas do planeta.
Com agências internacionais
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