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Argentina pagará mais pelo gás da Bolívia
Reajuste pedido é de US$ 2, mas argentinos aceitam desembolsar apenas mais US$ 1,50; decisão deverá sair no fim do mês
Petrobras diz que aumento nada muda na negociação com o Brasil, pois ainda não
houve um pedido oficial da
estatal petrolífera da Bolívia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
Enquanto tenta renegociar o
preço do gás com a Petrobras, o
governo da Bolívia já comemora uma vitória: fechou um acordo para aumentar o preço do
insumo vendido à Argentina.
Anteontem, estiveram reunidos em La Paz membros do governo boliviano e o ministro do
Planejamento argentino, Julio
De Vido, homem forte do governo do presidente Néstor
Kirchner.
O governo da Bolívia pediu
reajuste de US$ 2 -dos atuais
US$ 3,40 por milhão de BTU
para US$ 5,40. A Argentina ofereceu, de sua parte, um reajuste
de, no máximo, US$ 1,50. O impasse será resolvido no final
deste mês em nova rodada de
negociação.
Apesar de não conclusivo, a
Bolívia comemorou o acordo
preliminar: "Durante as negociações, chegamos a esse acerto
quase final que é satisfatório
para os interesses do nosso
país. Falta só afinar alguns detalhes que serão favoráveis para ambos os países", disse o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera.
Anteontem, Linera, o ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, e o presidente
da YPFB, Jorge Alvarado, se
reuniram por mais de seis horas com a delegação argentina
liderada por De Vido. Ficou
acertado que o acordo final será
fechado no dia 29, quando o
presidente da Bolívia, Evo Morales, irá a Buenos Aires para se
reunir com Néstor Kirchner.
Morales afirmou, no domingo passado, que o objetivo da
Bolívia é elevar o preço em US$
2 por milhão de BTU e que não
está disposto a aceitar outro valor para o produto.
À Folha, o diretor de Gás e
Energia da Petrobras, Ildo
Sauer, disse que o aumento do
preço do gás vendido à Argentina nada muda na negociação
com o Brasil, que, segundo ele,
ainda não foi formalizada, pois
não houve um pedido oficial da
YPFB (a estatal petrolífera da
Bolívia).
"O que a Argentina importa é
muito menos do que o Brasil.
São só de 5 milhões a 7 milhões
de metros cúbicos por dia. É
um volume pequeno", afirmou
o executivo, defendendo uma
condição diferenciada para o
Brasil.
No pico, o Brasil importa 30
milhões de metros cúbicos por
dia de gás da Bolívia -a média
é de 26 milhões de metros diários. Paga US$ 3,43 por milhão
de BTU, até o volume de 16 milhões de metros cúbicos por
dia. Acima disso, o valor sobe
para US$ 4,21. A esses valores
são acrescidos US$ 1,70.
Sem pedido
Diferentemente do que foi
noticiado na Bolívia, a Petrobras não recebeu até agora nenhum pleito formal para renegociar o preço do gás nos termos previstos no contrato de
fornecimento firmado com o
país vizinho, de acordo com o
diretor.
Pelas regras do contrato, as
partes têm 45 dias para analisar
o pedido de reajuste. Se for rejeitado, a discussão vai para a
Justiça de Nova York.
A julgar pelo comportamento dos preços do óleo combustível (referência do contrato),
Sauer disse acreditar que o preço do gás sofrerá reajuste em 1º
de julho, quando está previsto o
aumento trimestral estabelecido no acordo. Desde 1999,
quando o gás custava US$ 1 por
milhão de BTU, o preço já subiu
343%.
Para Sauer, o preço do gás
"está em um ponto de equilíbrio" e não há mais espaço para
novos reajustes. Se subir, o gás
perderá mercado, avalia, já que
o produto está no limite da
competitividade para muitos
setores.
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