São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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InBev adquire cervejaria dos EUA e torna-se líder global

Anheuser-Busch concordou ontem à noite com oferta de US$ 50 bi da InBev

Desfecho do negócio só foi possível após a cervejaria belgo-brasileira ter elevado sua oferta pela rival que domina o mercado dos EUA


JESSICA HALL
MARTINNE GELLER

DA REUTERS, NOS EUA

A cervejaria americana Anheuser-Busch fechou ontem sua aquisição por US$50 bilhões pela belgo-brasileira InBev, segundo fontes citadas ontem à noite pela agência de notícias "Reuters" e o jornal "The Wall Street Journal". O negócio criará a maior cervejaria do mundo em volume.
Não foi possível obter declarações da InBev, fabricante da Stella Artois, nem da Anheuser, que produz a Budweiser.
A nova empresa será chamada Anheuser-Busch InBev, disse uma fonte que exigiu anonimato. A Anheuser terá cadeiras no conselho de direção da nova empresa, mas, segundo a fonte, ainda não está claro quantas.
O acordo marca a resolução amigável da saga que vinha se desenrolando há um mês e estava ganhando característica cada vez mais hostil, à medida que as duas empresas processavam uma à outra e a InBev procurava criar condições para tentar substituir o conselho de direção da Anheuser.
A InBev, cujo presidente é o brasileiro Carlos Brito, tinha proposto seus próprios nomes para compor o conselho. Entre eles estava o de Adolphus Bosch IV, tio do atual executivo-chefe da Anheuser-Busch.
Na semana passada a InBev atraiu a Anheuser à mesa de negociações, elevando sua oferta de US$ 65 a ação para US$ 70, 27% acima do recorde de preço das ações da Anheuser, alcançado em outubro de 2002.
Fontes revelaram que as duas companhias e seus assessores se reuniram em Nova York no fim de semana, discutindo detalhes da nova empresa conjunta, os papéis a serem exercidos pelos executivos da Anheuser e a estrutura do conselho de direção. Também foram discutidas no fim de semana as taxas a serem pagas se o acordo não fosse selado.
No mês passado, a InBev procurou tranquilizar a Anheuser em relação a algumas de suas preocupações, dizendo que manteria a sede da empresa americana em Saint Louis. Também foi dito que a principal cerveja da Anheuser, a Budweiser, tornaria-se a marca principal da nova companhia.
O sindicato que representa trabalhadores das 12 cervejarias da Anheuser nos EUA pediu uma reunião para discutir a oferta inicial para que pudesse "cumprir sua responsabilidade de aconselhar e proteger seus filiados". Mas não está claro se a reunião entre a InBev e o sindicato aconteceu de fato.
A aquisição da empresa americana que é ícone em seu país provocou reações de ultraje entre alguns políticos, incluindo o candidato presidencial democrata Barack Obama.
Outro obstáculo para a concretização do negócio é que qualquer acordo com a Anheuser é complicado pela relação dela com a maior cervejaria do México, o grupo Modelo, fabricante da cerveja Corona. O Grupo Modelo, que já pertence em 50% à Anheuser, tem o direito de escolher seu sócio e, portanto, de participar nas discussões de qualquer aquisição da Anheuser-Busch. Não foi possível obter declarações do grupo.
Analistas disseram que é provável que o Modelo aprove a compra da Anheuser pela InBev e que espere que a cervejaria belga se mostre uma parceira mais dinâmica e inovadora que a maior cervejaria dos EUA.
Enquanto a Anheuser controla quase metade do mercado americano, com marcas como Budweiser, Bud Light e Michelob, a InBev ocupa posições fortes na Europa ocidental e América Latina e está crescendo na Europa oriental e Ásia.
Formada em 2004 pela fusão da belga Interbrew com a brasileira AmBev, a InBev tem sua sede na Bélgica e é comandada por uma equipe de direção em sua maioria brasileira.

Tradução de Clara Allain



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