São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Moody's rebaixa bancos e Petrobras

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de rebaixar a dívida soberana brasileira há dois dias, ontem a Moody's, agência de classificação de risco, piorou suas notas para os principais bancos que atuam no país e para a Petrobras.
A decisão era aguardada por analistas. No caso das instituições financeiras, a Moody's já havia rebaixado seus depósitos em moeda estrangeira na última segunda-feira. Isso é um sinal comum de que os bancos serão os próximos a terem sua nota rebaixada.
A percepção de que as ações e as dívidas de bancos brasileiros se tornaram investimentos mais arriscados começou há, aproximadamente, três semanas. O medo de que os bancos-os maiores detentores da dívida interna-sejam afetados por um possível calote do governo é a principal causa para a venda desenfreada das ações dos bancos nacionais.
Investidores também temem que um eventual governo de esquerda tome alguma medida para reduzir os altos lucros dos bancos.
Ontem, as ações de instituições nacionais voltaram a amargar quedas: Bradesco (-5,7%), Itaú (-3,86%), Banco do Brasil (-1,37%) e Unibanco (-8,82%).
No caso da Petrobras, o principal argumento da Moody's é que, mesmo tendo uma forte receita atrelada ao dólar, a empresa teria dificuldades em honrar sua dívida externa, em caso de calote da dívida pública. Isso porque o acesso da empresa à moeda norte-americana é controlado pelo BC (Banco Central). As ações da empresa despencaram 5,65% ontem.
"Esse argumento serve para todas as empresas com dívidas em dólares", explica Cleomar Parisi, chefe de pesquisa do Unibanco, que espera novos rebaixamentos para outras empresas.

Financial Times
Segundo Luis Ernesto Martinez-Alas, da Moody's, a dívida soberana brasileira, classificada agora como B2, reflete alto risco de calote.
O rebaixamento do Brasil, anteontem, foi motivo para uma nota irônica na edição de hoje do jornal inglês "Financial Times". O periódico lembrou que a Moody's passou vergonha nas duas últimas vezes em que alterou a nota da dívida brasileira. Em 1998, quando a agência rebaixou a dívida externa brasileira, o risco-país despencou. Em fevereiro passado, quando a Moody's foi na direção inversa, colocando o Brasil em perspectiva positiva, o risco brasileiro, então, entrou em disparada.
Mas o jornal inglês faz uma ressalva e diz que, agora, o país precisaria de uma mágica para surpreender a Moody's novamente, já que nem o megapacote de US$ 30 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional) tem sido suficiente para acalmar o mercado.
(ÉRICA FRAGA)


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