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Moody's rebaixa bancos e Petrobras
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de rebaixar a dívida soberana brasileira há dois dias, ontem a Moody's, agência de classificação de risco, piorou suas notas
para os principais bancos que
atuam no país e para a Petrobras.
A decisão era aguardada por
analistas. No caso das instituições
financeiras, a Moody's já havia rebaixado seus depósitos em moeda
estrangeira na última segunda-feira. Isso é um sinal comum de
que os bancos serão os próximos
a terem sua nota rebaixada.
A percepção de que as ações e as
dívidas de bancos brasileiros se
tornaram investimentos mais arriscados começou há, aproximadamente, três semanas. O medo
de que os bancos-os maiores
detentores da dívida interna-sejam afetados por um possível calote do governo é a principal causa para a venda desenfreada das
ações dos bancos nacionais.
Investidores também temem
que um eventual governo de esquerda tome alguma medida para
reduzir os altos lucros dos bancos.
Ontem, as ações de instituições
nacionais voltaram a amargar
quedas: Bradesco (-5,7%), Itaú (-3,86%), Banco do Brasil (-1,37%)
e Unibanco (-8,82%).
No caso da Petrobras, o principal argumento da Moody's é que,
mesmo tendo uma forte receita
atrelada ao dólar, a empresa teria
dificuldades em honrar sua dívida
externa, em caso de calote da dívida pública. Isso porque o acesso
da empresa à moeda norte-americana é controlado pelo BC (Banco
Central). As ações da empresa
despencaram 5,65% ontem.
"Esse argumento serve para todas as empresas com dívidas em
dólares", explica Cleomar Parisi,
chefe de pesquisa do Unibanco,
que espera novos rebaixamentos
para outras empresas.
Financial Times
Segundo Luis Ernesto Martinez-Alas, da Moody's, a dívida soberana brasileira, classificada agora como B2, reflete alto risco de calote.
O rebaixamento do Brasil, anteontem, foi motivo para uma nota irônica na edição de hoje do jornal inglês "Financial Times". O periódico lembrou que a Moody's
passou vergonha nas duas últimas vezes em que alterou a nota
da dívida brasileira. Em 1998, quando a agência rebaixou a dívida externa brasileira, o risco-país despencou. Em fevereiro passado, quando a Moody's foi na direção inversa, colocando o Brasil em perspectiva positiva, o risco brasileiro, então, entrou em disparada.
Mas o jornal inglês faz uma ressalva e diz que, agora, o país precisaria de uma mágica para surpreender a Moody's novamente,
já que nem o megapacote de US$
30 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional) tem sido suficiente para acalmar o mercado. (ÉRICA FRAGA)
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