|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EM TRANSE
Varejo também coloca equipe na rua e arma estratégia para barrar aumento; indústria quer alongar férias
Indústria monta força-tarefa para reajustar preços
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Há uma força-tarefa criada pelos fornecedores do comércio varejista com a meta de empurrar os aumentos de preços às lojas. Com tabela na mão e discurso pronto,
os gerentes de venda têm ido pessoalmente tratar do assunto nos
pontos-de-venda toda a semana. Quando a situação complica, entram em campo os diretores comerciais, que já interferem diretamente na negociação. Isso normalmente não acontece.
Redes como Lojas Cem e Colombo recebem telefonemas dos
fornecedores diariamente. O embate se assemelha, pela primeira
vez, àquele enfrentado pelas empresas em 99, após a forte desvalorização do real, dizem as companhias. A ação, no entanto, não
tem dado muito resultado.
Os fabricantes de eletrônicos
querem reajustes entre 20% e
30%, dependendo do produto. Isso porque os eletrônicos utilizam,
em grande parte, componentes
importados. A escalada do dólar
encareceu os equipamentos. Nas
últimas duas semanas, eles conseguiram um repasse de 2% a 3%
apenas. Ou seja, os equipamentos
devem subir de preço aos poucos.
No outro lado da mesa, os fornecedores já deram o recado nesta semana. Dizem que, se o varejo
não aceitar o reajuste, vão ter de
prolongar as férias na linha de
produção e reduzir ainda mais o
ritmo de fabricação, que já caiu,
em média, 25% desde julho.
"Agora falamos com eles (fornecedores) todos os dias. E ainda
vêm até aqui toda a semana de tabela nova na mão. A pressão é
grande, mas não adianta. Aumento como eles querem nem em sonho", diz Valdemir Coleone, superintendente da Lojas Cem, que
aceitou aumentos de até 3%.
Nessa queda-de-braço, o varejo
também colocou sua equipe na
rua. A estratégia é a seguinte: as
redes reúnem dados sobre os preços de concorrentes e calculam os
aumentos praticados por eles.
Com os dados computados, tentam barrar -nas conversas com
os fornecedores- reajustes além
daqueles já praticados pela loja do
concorrente. A idéia é bater na tecla de que, "se no ponto do vizinho o aumento foi "x", no meu não
pode ser diferente disso", informa
um negociador de rede varejista.
Só há espaço, segundo a Folha
apurou, para um aumento de até
10%, na visão do comércio.
Na Lojas Colombo, com faturamento de R$ 700 milhões e 500
fornecedores, até a diretoria comercial tem participado das negociações sobre reajuste de preços, segundo a Folha apurou. O
contato com os gerentes de venda
dos fabricantes é diário. Nas conversas fala-se, por exemplo, em
aumento de 22% só para as câmeras filmadoras.
Celulares
No caso dos telefones celulares,
as negociações estão um pouco
mais fáceis. As operadores apresentaram, nesta semana, aumentos de 12% a 13% no valor do aparelho. Elas já têm subsidiado parte
do preço do equipamento para o
consumidor há tempos. Grande
parte de sua margem de lucro é alcançada com o preço dos serviços. Mesmo assim, o varejo ainda
quer rever a taxa proposta.
As lojas informam que não há
falta de produtos. Redes como
Lojas Cem e Casas Bahia têm estoque para 20 dias a 45 dias. As indústrias operam com nível de estoque semelhante. Mas já tentam reduzir esse patamar. Nas últimas
semanas, Philco e LG já deram férias coletivas para a produção.
Texto Anterior: Moody's rebaixa bancos e Petrobras Próximo Texto: Panorâmica - Críticas: Soros condena atuação do FMI no Brasil Índice
|