São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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AVIAÇÃO

Ele deve ser convidado para o conselho de administração; Roberto Giannetti da Fonseca é cotado para o lugar

Ozires Silva deve deixar presidência da Varig

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O economista Arnin Lore, ex-diretor do Banco Central, deverá assumir interinamente a presidência da Varig nos próximos dias, no lugar de Ozires Silva. O anúncio da mudança deverá ser feita na próxima quinta-feira, em reunião do conselho de administração da Varig.
A decisão da troca de comando na Varig foi tomada ontem, durante reunião entre o comitê de credores da empresa e o conselho curador da Fundação Rubem Berta, principal acionista da Varig. Segundo a Folha apurou, ficou acertado também na reunião que Ozires Silva será convidado a fazer parte do conselho de administração da Varig.
De acordo com o que a Folha apurou, Arnin Lore só será efetivado caso o economista Roberto Giannetti da Fonseca, 52, ex-secretário executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), não aceite o convite feito a ele para ocupar o cargo.
Giannetti confirmou à Folha que foi convidado para assumir a presidência da companhia aérea tanto pelo conselho de curadores da Varig como por membros do comitê de credores. Ele disse que está disposto a aceitar o convite. "Não dá para imaginar o Brasil sem a Varig", disse Giannetti.
Apesar de sua disposição em aceitar o convite, Giannetti impôs algumas exigências. Entre elas, a de que haja um grande acerto entre credores, acionistas, funcionários e governo. Só nessas condições ele aceita pilotar a Varig.
Caso Giannetti da Fonseca não aceite o convite, há grandes chances de Arnin Lore ser efetivado no cargo. Lore é um nome que agrada tanto aos credores como ao conselho curador da Fundação Rubem Berta.
Lore tem grande experiência financeira e internacional. Ele já foi diretor do Unibanco, um dos líderes do comitê de credores, do Banco Central e da própria Varig.

Decisão
A decisão de mudar a presidência da Varig partiu principalmente do conselho curador da Fundação Rubem Berta, que detém o poder sobre a companhia. A Fundação Rubem Berta detém 87% do capital votante da empresa.
De acordo com o que a Folha apurou, o maior desentendimento de Ozires Silva ocorreu com Yutaka Imagawa, presidente da Fundação Rubem Berta.
Até duas semanas atrás, Imagawa exercia a vice-presidência executiva da empresa, quando foi afastado para facilitar a aprovação no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) do projeto de recapitalização da Varig. O comitê de credores ainda tentou manter Ozires Silva no cargo, mas não teve sucesso.
Os pilotos da Varig têm encontro hoje com o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Eleazar de Carvalho, e representantes dos credores da companhia aérea. O objetivo dos trabalhadores é conseguir uma participação acionária na empresa e influenciar indiretamente na futura gestão da empresa.
"Os pilotos da Varig têm créditos trabalhistas a receber de cerca de R$ 2 bilhões. Podemos entrar na Justiça para convertê-los em ações ou fazer um acordo com os credores e o BNDES", afirmou Flávio Souza, presidente da Apvar (Associação dos Pilotos da Varig).
O objetivo dos trabalhadores, segundo Souza, é garantir uma administração profissional na companhia, sem a influência dos atuais membros do conselho de curadores da Fundação Rubem Berta.


Colaborou LÁSZLÓ VARGA, da Reportagem Local


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