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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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ENERGIA

Empresa deve chegar a 80 mil barris diários no RJ

Shell é a 1ª estrangeira a produzir petróleo em escala comercial no país

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Shell, multinacional anglo-holandesa que é a maior empresa petrolífera do mundo, tornou-se anteontem à tarde a primeira empresa estrangeira a produzir petróleo em quantidade comercialmente significativa no território brasileiro.
Nos campos de Bijupirá e Salema, na bacia submarina de Campos (RJ), a empresa começou a produzir 20 mil barris de óleo por dia, devendo atingir 80 mil até janeiro de 2004. Os números representam, respectivamente, 1,3% e 5,2% da atual produção de óleo do país (cerca de 1,55 milhão de barris por dia).
Em 2001, a empresa americana Devon chegou a produzir uma pequena quantidade de óleo no Ceará, mas interrompeu a produção em novembro daquele ano e devolveu o campo à ANP (Agência Nacional do Petróleo), por considerar a operação comercialmente inviável.
Segundo a ANP, outra empresa estrangeira, a UP Petróleo, também americana, estava produzindo uma pequena quantidade de óleo em Sergipe, mas também interrompeu a produção.
Os campos de Bijupirá e Selema, descobertos em 1990 pela Petrobras, têm uma reserva estimada em 188 milhões de barris de óleo.
Após 1997, com a lei que regulamentou a flexibilização do monopólio estatal do petróleo (lei nº 9.478), a estatal buscou fazer parcerias para seguir explorando parte dos campos que ela continuaria a manter, agora sob regime de concessão da ANP. O objetivo era conseguir dinheiro para explorar no tempo determinado pela ANP todas as áreas mantidas.
Nos campos de Bijupirá e Salema, a estatal se associou à norte-americana Enterprise Oil, que passou a ser a operadora, e à brasileira Odebrecht Óleo e Gás. A primeira ficou com 55% dos campos e a segunda, com 25%, restando para a Petrobras apenas 20%.
No ano passado, a Enterprise comprou a participação da Odebrecht e a Shell comprou os 80% da Enterprise. Segundo John Haney, diretor da Shell Brasil, o contrato entre a Petrobras e suas parceiras dá à estatal 20% dos campos e a desobriga de participar dos investimentos necessários.
Haney disse que até agora foram investidos nos dois campos o equivalente a US$ 650 milhões. Uma plataforma do tipo semi-submersível (flutuante, ancorada por cabos) foi construída em Cingapura a partir do navio "Saara".
Parte dos equipamentos para colocar em produção os oito poços dos campos foi produzida no Brasil. Segundo o diretor da Shell, foram adquiridos no Brasil equipamentos e serviços equivalentes a 31% do total investido.
A Shell, que atua no Brasil desde 1913, tem participações em outras 14 áreas de exploração de petróleo e gás no Brasil. Quando o regime militar, nos anos 70, abriu áreas para exploração por empresas estrangeiras, sob regime de contrato de risco, sua subsidiária Pecten foi a única fazer descoberta (gás, na bacia de Santos).
Na atual fase, a Shell já perfurou 19 poços submarinos, sendo quatro em parcerias minoritárias, tendo feito 12 "descobertas técnicas" (ainda não avaliadas comercialmente).
Haney disse que a empresa pretende ampliar sua participação na área de exploração e produção de petróleo no país, mas citou dois obstáculos: a baixa qualidade do óleo encontrado (do tipo pesado) e a instabilidade das regras aplicadas ao setor.
A ANP divulgou que apenas 11 empresas se habilitaram para o próximo leilão de áreas de exploração de petróleo e gás, marcado para a próxima semana.


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