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ENERGIA
Empresa deve chegar a 80 mil barris diários no RJ
Shell é a 1ª estrangeira a produzir petróleo em escala comercial no país
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A Shell, multinacional anglo-holandesa que é a maior empresa
petrolífera do mundo, tornou-se
anteontem à tarde a primeira empresa estrangeira a produzir petróleo em quantidade comercialmente significativa no território
brasileiro.
Nos campos de Bijupirá e Salema, na bacia submarina de Campos (RJ), a empresa começou a
produzir 20 mil barris de óleo por
dia, devendo atingir 80 mil até janeiro de 2004. Os números representam, respectivamente, 1,3% e
5,2% da atual produção de óleo
do país (cerca de 1,55 milhão de
barris por dia).
Em 2001, a empresa americana
Devon chegou a produzir uma
pequena quantidade de óleo no
Ceará, mas interrompeu a produção em novembro daquele ano e
devolveu o campo à ANP (Agência Nacional do Petróleo), por
considerar a operação comercialmente inviável.
Segundo a ANP, outra empresa
estrangeira, a UP Petróleo, também americana, estava produzindo uma pequena quantidade de
óleo em Sergipe, mas também interrompeu a produção.
Os campos de Bijupirá e Selema,
descobertos em 1990 pela Petrobras, têm uma reserva estimada
em 188 milhões de barris de óleo.
Após 1997, com a lei que regulamentou a flexibilização do monopólio estatal do petróleo (lei nº
9.478), a estatal buscou fazer parcerias para seguir explorando
parte dos campos que ela continuaria a manter, agora sob regime de concessão da ANP. O objetivo era conseguir dinheiro para
explorar no tempo determinado
pela ANP todas as áreas mantidas.
Nos campos de Bijupirá e Salema, a estatal se associou à norte-americana Enterprise Oil, que
passou a ser a operadora, e à brasileira Odebrecht Óleo e Gás. A
primeira ficou com 55% dos campos e a segunda, com 25%, restando para a Petrobras apenas 20%.
No ano passado, a Enterprise
comprou a participação da Odebrecht e a Shell comprou os 80%
da Enterprise. Segundo John Haney, diretor da Shell Brasil, o contrato entre a Petrobras e suas parceiras dá à estatal 20% dos campos e a desobriga de participar
dos investimentos necessários.
Haney disse que até agora foram investidos nos dois campos o
equivalente a US$ 650 milhões.
Uma plataforma do tipo semi-submersível (flutuante, ancorada
por cabos) foi construída em Cingapura a partir do navio "Saara".
Parte dos equipamentos para
colocar em produção os oito poços dos campos foi produzida no
Brasil. Segundo o diretor da Shell,
foram adquiridos no Brasil equipamentos e serviços equivalentes
a 31% do total investido.
A Shell, que atua no Brasil desde
1913, tem participações em outras
14 áreas de exploração de petróleo
e gás no Brasil. Quando o regime
militar, nos anos 70, abriu áreas
para exploração por empresas estrangeiras, sob regime de contrato de risco, sua subsidiária Pecten
foi a única fazer descoberta (gás,
na bacia de Santos).
Na atual fase, a Shell já perfurou
19 poços submarinos, sendo quatro em parcerias minoritárias,
tendo feito 12 "descobertas técnicas" (ainda não avaliadas comercialmente).
Haney disse que a empresa pretende ampliar sua participação na
área de exploração e produção de
petróleo no país, mas citou dois
obstáculos: a baixa qualidade do
óleo encontrado (do tipo pesado)
e a instabilidade das regras aplicadas ao setor.
A ANP divulgou que apenas 11
empresas se habilitaram para o
próximo leilão de áreas de exploração de petróleo e gás, marcado
para a próxima semana.
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