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Política de repasse de preços causa incertezas, afirmam especialistas
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Especialistas em petróleo ouvidos pela Folha avaliam que o sistema de repasse dos preços internacionais do produto para seus
derivados no Brasil praticado pela
Petrobras contribui para criar incertezas entre os investidores internacionais da empresa.
Atualmente, a Petrobras não
tem prazo definido para realizar
os ajustes, embora tenda, segundo os analistas, a seguir, no médio
prazo, as flutuações do preço internacional do petróleo.
Segundo Frank McGann, da
Merril Lynch, a incerteza se reflete
no valor das ações da empresa,
entre os mais baixos entre as
grandes companhias petrolíferas
do mundo. "A Petrobras é uma
das menos valorizadas entre empresas [de petróleo] globais", diz.
Entre os motivos, ele cita o risco-país do Brasil, o fato de ser uma
empresa controlada pelo governo
"e também o sistema de preços".
"É uma questão que as pessoas
freqüentemente citam."
Para Lucrecia Tam, analista de
energia do Deutsche Bank, uma
das soluções que a Petrobras poderia encontrar para o problema
seria a adoção de regras mais claras para o reajuste. "Parâmetros
mais claros para o mercado certamente ajudariam. Temos a impressão de que leva dois ou três
meses, certo? Mas, se os investidores souberem que essa é a política, saberão o que esperar."
Ambos afirmam, no entanto,
não concordarem inteiramente
com as preocupações de muitos
investidores, já que a empresa
tende a seguir as flutuações do
preço internacional do petróleo.
"O jeito mais transparente seria
ter preços que reflitam completamente os chamados preços internacionais", diz McGann. "Eu não
me preocupo, porque o fluxo de
dinheiro para a Petrobras tende a
ser neutro [em relação aos preços
internacionais] ao longo do tempo, mas os investidores sempre se
preocupam que qualquer governo não vá fazer esses ajustes inteiramente, e a empresa terminaria
sendo negativamente afetada."
Tam, do Deutsche Bank, argumenta: "Alguns investidores ainda pensam que o preço deveria
subir e baixar, mas acho que a empresa poderia ser um pouco mais
enfática sobre o modo como o faz,
sobre o tempo que demora. Alguns investidores não entendem
isso muito bem".
A despeito da desconfianças dos
investidores, na comparação com
o desempenho de outras empresas de extração de petróleo, a Petrobras aparece em primeiro lugar em um ranking que considera
o lucro líquido. Com um lucro líquido de US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre deste ano, a companhia brasileira aparece à frente
da espanhola Repsol, apesar de o
lucro ter recuado 23%. Quando se
faz uma comparação com empresas de petróleo e gás, a Petrobras
aparece em quinto lugar.
Colaborou Cíntia Cardoso,
da Reportagem Local
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