São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Banco alemão teme que preço afete o crescimento global

Problemas com produtores levam óleo a novo recorde

DA REDAÇÃO

As notícias ruins continuam a influenciar os preços do petróleo. A explosão em uma refinaria nos EUA, informações de que a demanda chinesa permanece alta e temores de uma possível interrupção na produção da Venezuela elevaram as cotações do petróleo para novos recordes.
A manutenção do preço da commodity em patamares recordes já começa a influenciar negativamente as expectativas para o crescimento global. A alta pode chegar aos preços e, com eles, um menor índice de atividade econômica. A opinião foi dada ontem a um jornal alemão pelo economista-chefe do Bundesbank, Herman Remsperger.
A notícia da explosão em uma refinaria da British Petroleum em Indiana, nos EUA, levou o preço do óleo cru leve em Nova York a bater novo recorde -US$ 46,58-, com alta de 2,37%. Em Londres, o barril do tipo Brent encerrou negociado a US$ 43,88, com elevação de 3,76%.
A explosão é apenas uma em meio a várias razões para a alta da commodity. Amanhã acontece o plebiscito para decidir se o presidente venezuelano, Hugo Chávez, permanece ou não no cargo. O mercado teme que o resultado venha a gerar uma interrupção da produção no país, um dos maiores produtores mundiais e membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
"Nós temos o Iraque e o referendo na Venezuela no domingo [amanhã]. É um problema atrás do outro. Não vejo condições de o mercado melhorar", disse Naumam Barakat, da corretora Refco, em Nova York.

Demanda sobe
Ao mesmo tempo em que a produção corre riscos, a demanda pelo produto continua aquecida. A China permanece como um dos maiores importadores. Segundo a agência estatal Xinhua, as importações do país mantiveram, em julho, a média diária de 2,49 milhões de barris -mais 40% em relação ao mesmo mês do ano passado.
As importações indicam que a demanda chinesa continua crescendo. Autoridades do país disseram que as refinarias da China pretendem elevar as importações de óleo para atender o consumo interno na região.
No último trimestre do ano, a expectativa é que o consumo mundial do produto aumente por conta do inverno nos países desenvolvidos. Para atender essa demanda, a produção dos países-membros da Opep chegou ao nível recorde de 25 anos: 30 milhões de barris por dia.
Analistas estimam que a procura pelo petróleo da Opep chegue a 30,3 milhões de barris, o que não deixaria espaço para possíveis problemas no Iraque.
A preocupação sobre o país recai na instabilidade provocada pelos ataques das forças norte-americanas à cidade xiita de Najaf. O local é um reduto do clérigo xiita Moqtada al Sadr, cuja milícia pode empreender atentados contra instalações petrolíferas no país.
Ontem, os campos de extração de petróleo no sul do Iraque operaram normalmente, após as sabotagens ocorridas na segunda-feira, disse um oficial da Companhia de Petróleo do Sul do Iraque.
O mercado teme ainda a definição sobre o imbróglio judicial envolvendo a maior petrolífera russa, Yukos, e o governo do país. A disputa é sobre uma dívida de US$ 3,8 bilhões em impostos supostamente atrasados.


Com agências internacionais


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