DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deverá encaminhar na próxima semana cartas-alerta para a Brahma e a Antarctica por causa de aquisições de distribuidoras não comunicadas à entidade.
Segundo a conselheira Lúcia Helena Salgado e Silva, a Brahma adquiriu 29 distribuidoras, e a Antarctica, outras 12. As 41 operações ocorreram no ano passado.
Nenhuma delas, conforme informou a conselheira à Folha, foi encaminhada para a avaliação do Cade, órgão que tem a função de examinar o impacto de aquisições como essas no mercado e para o consumidor final.
Lúcia Helena soube das operações durante uma reunião com empresários do setor. Na noite de anteontem, apresentou as informações no plenário do Cade e obteve a aprovação dos colegas para o envio das cartas-alerta.
Uma vez entregues, as cervejarias deverão apresentar ao conselho todas as informações relacionadas às aquisições.
Segundo Lúcia Helena, operações como essa preocupam porque podem gerar a "verticalização" do mercado. Ela explicou que o fato de o controle de uma distribuidora passar para o próprio fornecedor pode significar a eliminação de um dos elos da cadeia que vai da produção ao consumidor final.
Em último caso, essa situação levaria o comércio varejista a negociar com o próprio fabricante, o que pode diminuir seu poder de barganha. O resultado final pode ser o dano para os concorrentes e para o consumidor, que corre o risco de pagar preços mais altos pelos produtos.
O exame da compra de distribuidoras, entretanto, deverá correr paralelamente ao da AmBev, o resultado da fusão da Antarctica com a Brahma, que aguarda o julgamento do Cade.


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