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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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Para empresários, o pior já passou, mas crescimento ainda é incerto

DA REPORTAGEM LOCAL

O terceiro trimestre do ano está quase no fim e o crescimento econômico ainda não saiu do plano das "sensações". Do comércio à indústria de bens duráveis e semiduráveis faltam números consistentes que permitam aos empresários tomar o pulso da economia real e traçar planos de vendas e de produção para o final deste ano e início do próximo.
"O cenário parou de piorar, os números ainda não mostram uma reação forte do varejo", diz Marcel Solimeo, superintendente do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo.
Segundo ele, o comércio começou, neste mês, a fazer encomendas para o Natal, "mas sem pressa". Normalmente, esse movimento começa em agosto.
Com poucos pedidos chegando, a indústria de bens de consumo prefere aguardar para traçar planos de longo prazo. "O setor eletroeletrônico trabalha com 50%, em média, de capacidade ociosa. Para voltar a planejar investimentos é preciso atingir pelo menos 70% de ocupação", diz Afonso Hennel, presidente da Semp Toshiba, maior fabricante de televisores do país.
No entanto, dos fabricantes de eletroeletrônicos aos de têxteis, motos, bicicletas e até alguns de automóveis, há uma aposta geral no crescimento da economia a partir do último trimestre.
Por enquanto, porém, a virada é ainda algo que paira no ar. "Há um sentimento geral de melhora entre os empresários", diz Solimeo. Segundo ele, não se trata de mera torcida por dias melhores: "Há fundamentos reais: a queda continuada dos juros e da inflação e uma sinalização clara do mercado financeiro que espera outra forte redução da Selic [a taxa básica de juros]".
Na indústria predomina o mesmo sentimento. "O cenário é positivo. E, quando há um "astral", metade dos problemas se resolve", afirma Paulo Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).
Um sintoma são os planos de crescimento de cerca de 27% da Honda Automóveis para 2004. "Em agosto, enquanto as vendas da indústria automobilística caíam 11,3%, em relação a julho, as nossas cresciam 8%", diz Kazuo Nozawa, diretor-executivo da Honda Automóveis.
O lançamento de um novo modelo, no primeiro semestre, e o fato de ainda engatinhar no país justificam a performance. "Ainda somos pequenos, temos apenas 3% do mercado", observa.

Resposta rápida
A recuperação seria heterogênea. "O setor de bens duráveis tem potencial para voltar mais rápido, pois responde melhor à redução dos juros e ao aumento da oferta de crédito", diz Basílio Ramalho, analista do Unibanco.
O problema, afirma, é que os juros ainda estão muito altos. "Não sei se as pessoas já estão dispostas a se endividar, o nível de confiança do consumidor ainda é baixo."
A última pesquisa do IIC (Índice de Intenção do Consumidor, da Fecomercio-SP), realizada em agosto, mostrou uma leve melhora em relação a julho. O IIC de agosto ficou em 104,46 pontos, alta de 0,05% em relação a julho.
A pesquisa da Fecomercio-SP, desenvolvida com base no índice norte-americano Consumer Confidence Index, atribui um índice de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total) ao humor do consumidor e avalia também sua intenção de compra.
Em agosto, 52,22% dos entrevistados disseram não ter interesse em comprar bem durável nenhum, contra 54,44% em julho.
A Eletros, associação que representa os fabricantes de equipamentos de som, imagem e a chamada linha branca (geladeiras, fogões, etc), já revê suas projeções. "Iniciamos 2003 com a expectativa de uma recuperação de 4% nas vendas. Só no primeiro semestre encolhemos 14%", diz Paulo Saab, presidente da Eletros.
(SANDRA BALBI)

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