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Para empresários, o pior já passou, mas crescimento ainda é incerto
DA REPORTAGEM LOCAL
O terceiro trimestre do ano está
quase no fim e o crescimento econômico ainda não saiu do plano
das "sensações". Do comércio à
indústria de bens duráveis e semiduráveis faltam números consistentes que permitam aos empresários tomar o pulso da economia
real e traçar planos de vendas e de
produção para o final deste ano e
início do próximo.
"O cenário parou de piorar, os
números ainda não mostram
uma reação forte do varejo", diz
Marcel Solimeo, superintendente
do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo.
Segundo ele, o comércio começou, neste mês, a fazer encomendas para o Natal, "mas sem pressa". Normalmente, esse movimento começa em agosto.
Com poucos pedidos chegando,
a indústria de bens de consumo
prefere aguardar para traçar planos de longo prazo. "O setor eletroeletrônico trabalha com 50%,
em média, de capacidade ociosa.
Para voltar a planejar investimentos é preciso atingir pelo menos
70% de ocupação", diz Afonso
Hennel, presidente da Semp Toshiba, maior fabricante de televisores do país.
No entanto, dos fabricantes de
eletroeletrônicos aos de têxteis,
motos, bicicletas e até alguns de
automóveis, há uma aposta geral
no crescimento da economia a
partir do último trimestre.
Por enquanto, porém, a virada é
ainda algo que paira no ar. "Há
um sentimento geral de melhora
entre os empresários", diz Solimeo. Segundo ele, não se trata de
mera torcida por dias melhores:
"Há fundamentos reais: a queda
continuada dos juros e da inflação
e uma sinalização clara do mercado financeiro que espera outra
forte redução da Selic [a taxa básica de juros]".
Na indústria predomina o mesmo sentimento. "O cenário é positivo. E, quando há um "astral",
metade dos problemas se resolve", afirma Paulo Skaf, presidente
da Abit (Associação Brasileira da
Indústria Têxtil).
Um sintoma são os planos de
crescimento de cerca de 27% da
Honda Automóveis para 2004.
"Em agosto, enquanto as vendas
da indústria automobilística
caíam 11,3%, em relação a julho,
as nossas cresciam 8%", diz Kazuo Nozawa, diretor-executivo da
Honda Automóveis.
O lançamento de um novo modelo, no primeiro semestre, e o fato de ainda engatinhar no país
justificam a performance. "Ainda
somos pequenos, temos apenas
3% do mercado", observa.
Resposta rápida
A recuperação seria heterogênea. "O setor de bens duráveis
tem potencial para voltar mais rápido, pois responde melhor à redução dos juros e ao aumento da
oferta de crédito", diz Basílio Ramalho, analista do Unibanco.
O problema, afirma, é que os juros ainda estão muito altos. "Não
sei se as pessoas já estão dispostas
a se endividar, o nível de confiança do consumidor ainda é baixo."
A última pesquisa do IIC (Índice de Intenção do Consumidor,
da Fecomercio-SP), realizada em
agosto, mostrou uma leve melhora em relação a julho. O IIC de
agosto ficou em 104,46 pontos, alta de 0,05% em relação a julho.
A pesquisa da Fecomercio-SP,
desenvolvida com base no índice
norte-americano Consumer Confidence Index, atribui um índice
de zero (pessimismo total) a 200
(otimismo total) ao humor do
consumidor e avalia também sua
intenção de compra.
Em agosto, 52,22% dos entrevistados disseram não ter interesse em comprar bem durável nenhum, contra 54,44% em julho.
A Eletros, associação que representa os fabricantes de equipamentos de som, imagem e a chamada linha branca (geladeiras, fogões, etc), já revê suas projeções.
"Iniciamos 2003 com a expectativa de uma recuperação de 4% nas
vendas. Só no primeiro semestre
encolhemos 14%", diz Paulo Saab,
presidente da Eletros.
(SANDRA BALBI)
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