São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

Consultoria alerta para riscos em 2007

A provável ingovernabilidade da atual administração em um segundo mandato, caso Lula seja reeleito, irá ampliar as dúvidas quanto à sustentabilidade das contas do governo e reforçar a tese de que os gastos públicos estão saindo do controle, o que pode colocar em risco todo o ajuste fiscal feito no país nos últimos oito anos e também desestabilizar o ambiente econômico.
O alerta consta de relatório especial da Austin Rating, com base em números do Ministério do Planejamento e do Banco Central. A conclusão é que a atual situação das contas fiscais do país é insustentável no médio prazo. O problema é que, para atingir o equilíbrio fiscal, estudos do governo se apóiam principalmente no crescimento do PIB, e não no corte das despesas, que se traduziria em "praticar políticas impopulares".
De acordo com a consultoria, simulações do Ministério do Planejamento contemplam um crescimento do PIB muito acima do seu potencial até 2009: 4,5% em 2006, 4,75% em 2007, 5% em 2008 e 5,25% em 2009.
A economia brasileira nunca, pelo menos na história recente, registrou um crescimento tão robusto como este previsto pelo governo para quatro anos consecutivos. Logo de cara, a previsão para este ano dificilmente será atingida -o Ipea, por exemplo, prevê um crescimento de 3,3%.
A situação fiscal tende a ser mais grave, na opinião da Austin, com a provável redução da força do governo, caso Lula seja reeleito, no Congresso Nacional. O governo poderá ter de usar algumas moedas de troca para conquistar os votos da oposição e aumentar ainda mais os gastos do setor público.
O economista Alex Agostini, da Austin Rating, diz que a manutenção do superávit fiscal primário de 4,25% do PIB será importante, mas não vai ser suficiente para estancar esses aumentos de gastos. Com essa forte evolução dos gastos permanentes da União e a necessidade de o governo investir na economia, principalmente em ano eleitoral, amplia-se o hiato entre a despesa e a receita. A consultoria calcula que o hiato chega a R$ 67,9 bilhões.
Todo esse problema faz com que a taxa de investimento no país continue baixa, insuficiente para levar o país a um crescimento acima do PIB potencial de 3,5%. Segundo a Austin Rating, os maiores riscos para o país em 2007 não vêm do setor externo, mas sim do mercado doméstico.

ENVENENADO

"Agressivo", "muscular" e "dramático" são as palavras que a GM usa para descrever seu novo modelo WTCC Ultra, aposta da marca Chevrolet Europa para o Salão do Automóvel de Paris. O modelo foi desenvolvido com a colaboração de designers da montadora em todo mundo e deve definir tendências para carros esportivos de turismo. O salão francês abre suas portas no fim deste mês.

ARTE E CABELO

Pela primeira vez, a Unilever faz parceria com um artista para assinar embalagens de produtos para cabelos. Com um investimento de R$ 10 milhões, a linha Seda Verão Intenso terá rótulos com estampas criadas pelo artista plástico uruguaio Carlos Paez Vilaró. A Unilever, que em 2003 já havia convidado o artista Romero Britto para estampar as caixas do sabão em pó Omo, resolveu apostar na receita para a linha de cuidados pessoais. "No segmento de produtos para cabelo, essa ação de levar arte às prateleiras é inédita", diz Adréa Rolim, diretora da Unilever no segmento de produtos para cabelos e desodorantes. A linha é composta por xampu, condicionador, creme de tratamento e para pentear.

PPP NA MESA O ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes) se encontra com a diretoria da Abdib amanhã, em São Paulo, para discutir assuntos como portos, PPPs, concessões de rodovias federais e a da ferrovia Norte-Sul.
COBRANÇA A Abdib irá cobrar do ministro dos Transportes o andamento dos projetos de parceria do governo e, principalmente, como está o ramo norte do anel ferroviário de São Paulo, além da agenda de portos (que previa cerca de R$ 220 milhões em investimentos), a segunda rodada de concessão de rodovias federais, planejada em 2002, e os motivos dos dois adiamentos consecutivos da data de licitação da concessão da ferrovia Norte-Sul.
INFÂNCIA
O presidente do Itaú, Roberto Setubal, lançou nesta semana o programa Itaú Criança para os 53 mil funcionários do banco. O projeto, que tem como objetivo a divulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), foi criado em parceria com a Unicef e a Pastoral da Criança, e será lançado externamente no dia 21.

LOBBY EM AÇÃO
A TIM virou a noiva mais cobiçada do mercado de telefonia. A Telefônica estuda a venda de sua parte na Vivo para a Sonae para comprar a TIM. A Sonae, por sua vez, quer a Vivo e a TIM. E os fundos de pensão, por meio da Brasil Telecom, também namoram a empresa. Seja qual for o desfecho, será preciso mudar a Lei Geral de Telecomunicações. Os lobbies começam a se mexer.

ENERGIA
Os resultados obtidos pelas ações de energia na Bovespa são o tema do Painel Setorial de Energia Elétrica, que acontece na próxima segunda, em São Paulo. Entre os participantes, Eduardo Bernini (Eletropaulo) e José Luiz Alquéres (Light).

EM SUSPENSO
O cientista político Rogério Schmitt, da Tendências, adverte que os pacotes econômicos anunciados pelo governo na última semana ainda dependem de negociação política. "O governo ainda não encaminhou ao Congresso a medida provisória que criará o chamado cadastro positivo, parte essencial do pacote que visa reduzir "spreads"."


Próximo Texto: Desemprego entre os jovens atinge 32%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.