São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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Mercado interno sustenta crescimento

Expectativa é que demanda doméstica continue a puxar economia; governo fala em longo ciclo de investimentos produtivos

Projeções feitas pelo BNDES sustentam que a economia brasileira deverá investir R$ 1,5 trilhão nos próximos quatro anos na produção

DA REPORTAGEM LOCAL

Assim como em 2008, o mercado interno deve ser o "pilar" do crescimento brasileiro em 2009. Empresários apostam que, no ano que vem, a desaceleração seja suave e controlada.
"Quando imaginávamos um tranco da crise internacional, o Brasil apareceu surpreendentemente protegido, com o mercado interno dando a tônica do crescimento. Esperamos que isso continue em 2009", afirma o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto. O empresário prevê que o ano que vem seja menos "inflado" que 2008 em todos os aspectos.
Em relação ao aumento da capacidade produtiva do país, a expectativa é que também haja uma diminuição no ritmo dos investimentos das empresas.
Segundo as previsões da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), é possível prever um aumento no consumo de máquinas e equipamentos no país próximo a 10% no ano que vem. É menos do que os 17% esperados em 2008, mas, mesmo assim, um número elevado.
"Os investimentos vêm sendo feitos. O mais importante é o governo não gerar a expectativa de que vai exagerar na dose dos juros e acabar revertendo as decisões de investimento das empresas", diz Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq.

BNDES
O governo sustenta que, apesar do cenário externo adverso, o Brasil passará por um longo ciclo de investimentos. Segundo novas projeções do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a economia brasileira deverá investir R$ 1,5 trilhão nos próximos quatro anos.
Em dezembro, o BNDES havia estimado os investimentos em R$ 1,213 trilhão no quadriênio. Agora, empacotados sob o slogan "Um novo Brasil em construção", o valor subiu 24% e não inclui ainda o que deverá ser gasto para explorar o petróleo na camada do pré-sal.
O crédito e fontes de financiamento para a produção serão chaves para a manutenção dos níveis de investimento.
Um dos setores mais dinâmicos no momento, a construção civil, por exemplo, está em busca de alternativas de financiamentos depois que as construtoras viram secar os recursos levantados na Bolsa de Valores.
Algumas empresas fizeram IPOs (ofertas públicas de ações, na sigla em inglês) e usaram o dinheiro para comprar terrenos. Com a queda do mercado, ficaram agora sem recursos para as edificações.
"Muitas construtoras estão redesenhando sua engenharia financeira agora para ver de onde podem tirar recursos", afirma Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos e consultora do SindusCon-SP.
Mesmo assim, o setor da construção civil (que pesa 5% no PIB) prevê crescimento de 9% em 2009, quase igual aos 10% esperados neste ano.
Apesar dos riscos de um aperto no crédito combinado ao desaquecimento da economia brasileira e mundial, o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e professor da Unicamp, acredita que "só uma barbeiragem contaminará de forma mais profunda" o Brasil em 2009. (FCZ)


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