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Mercado interno sustenta crescimento
Expectativa é que demanda doméstica continue a puxar economia; governo fala em longo ciclo de investimentos produtivos
Projeções feitas pelo BNDES sustentam que a economia brasileira deverá investir
R$ 1,5 trilhão nos próximos quatro anos na produção
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como em 2008, o mercado interno deve ser o "pilar"
do crescimento brasileiro em
2009. Empresários apostam
que, no ano que vem, a desaceleração seja suave e controlada.
"Quando imaginávamos um
tranco da crise internacional, o
Brasil apareceu surpreendentemente protegido, com o mercado interno dando a tônica do
crescimento. Esperamos que
isso continue em 2009", afirma
o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
Armando Monteiro Neto. O
empresário prevê que o ano
que vem seja menos "inflado"
que 2008 em todos os aspectos.
Em relação ao aumento da
capacidade produtiva do país, a
expectativa é que também haja
uma diminuição no ritmo dos
investimentos das empresas.
Segundo as previsões da Abimaq (Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos), é possível prever
um aumento no consumo de
máquinas e equipamentos no
país próximo a 10% no ano que
vem. É menos do que os 17% esperados em 2008, mas, mesmo
assim, um número elevado.
"Os investimentos vêm sendo feitos. O mais importante é o
governo não gerar a expectativa
de que vai exagerar na dose dos
juros e acabar revertendo as decisões de investimento das empresas", diz Luiz Aubert Neto,
presidente da Abimaq.
BNDES
O governo sustenta que, apesar do cenário externo adverso,
o Brasil passará por um longo
ciclo de investimentos. Segundo novas projeções do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a
economia brasileira deverá investir R$ 1,5 trilhão nos próximos quatro anos.
Em dezembro, o BNDES havia estimado os investimentos
em R$ 1,213 trilhão no quadriênio. Agora, empacotados sob o
slogan "Um novo Brasil em
construção", o valor subiu 24%
e não inclui ainda o que deverá
ser gasto para explorar o petróleo na camada do pré-sal.
O crédito e fontes de financiamento para a produção serão chaves para a manutenção
dos níveis de investimento.
Um dos setores mais dinâmicos no momento, a construção
civil, por exemplo, está em busca de alternativas de financiamentos depois que as construtoras viram secar os recursos
levantados na Bolsa de Valores.
Algumas empresas fizeram
IPOs (ofertas públicas de ações,
na sigla em inglês) e usaram o
dinheiro para comprar terrenos. Com a queda do mercado,
ficaram agora sem recursos para as edificações.
"Muitas construtoras estão
redesenhando sua engenharia
financeira agora para ver de onde podem tirar recursos", afirma Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos e consultora do SindusCon-SP.
Mesmo assim, o setor da
construção civil (que pesa 5%
no PIB) prevê crescimento de
9% em 2009, quase igual aos
10% esperados neste ano.
Apesar dos riscos de um
aperto no crédito combinado
ao desaquecimento da economia brasileira e mundial, o economista Júlio Sérgio Gomes de
Almeida, consultor do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial) e
professor da Unicamp, acredita
que "só uma barbeiragem contaminará de forma mais profunda" o Brasil em 2009.
(FCZ)
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