São Paulo, terça, 14 de outubro de 1997.




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Azevedo vai recorrer da decisão judicial

da Reportagem Local

Os advogados do ex-presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) Eduardo da Rocha Azevedo estão preparando dois recursos contra a decisão judicial que o condenou a nove anos de detenção em regime fechado.
Segundo o criminalista Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Azevedo, um dos recursos (um habeas-corpus) vai tentar anular a decisão sob o argumento de que Azevedo já foi julgado e absolvido em sentença anterior, no mesmo processo e na mesma vara criminal.
"Em 1991, Nahas foi condenado a quatro anos de prisão, e meu cliente, absolvido. Nahas recorreu da decisão e a anulou. O caso de Nahas deveria ter sido revisto, mas a absolvição de Azevedo, mantida", disse Malheiros.
Manipulação do mercado
O outro recurso dos advogados (uma apelação) vai questionar as razões da decisão do juiz, segundo o qual Azevedo teria manipulado o mercado de ações ao interromper as negociações na Bolsa e ter provocado queda das cotações.
"Essa decisão mostra que o Brasil é um dos únicos países do mundo em que um cidadão que denuncia e tenta impedir um crime é condenado", disse Malheiros.
Segundo o outro advogado de Azevedo, Arthur Lavigne, seu cliente "agiu para coibir a manipulação do mercado de ações na qualidade de presidente da Bolsa, e não em benefício próprio".
De acordo com ele, os advogados darão entrada no pedido de apelação logo que Eduardo da Rocha Azevedo receber a intimação oficial, o que deverá acontecer nos próximos dias. Após o recebimento da intimação, o prazo legal para a apelação é de cinco dias.
Azevedo aguardará o julgamento do seu pedido em liberdade porque assim o juiz determinou, diferentemente de Nahas.
Pelo telefone
Azevedo não quis se manifestar sobre a condenação. Ele ficou sabendo dela por um telefonema dado por um repórter de rádio, que queria ouvi-lo sobre o assunto. Azevedo teria ficado surpreso não só com a condenação, mas também com a pena. Ela é superior à condenação do próprio investidor Naji Nahas, em 1991, que foi de quatro anos. (MA e VA)



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