São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2003 |
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COMÉRCIO MUNDIAL Chanceler afirma que liderança permanece com o Itamaraty Comando nas negociações da Alca não muda, diz Amorim
CHICO SANTOS DA SUCURSAL DO RIO O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu ontem às pressões contra a liderança do Itamaraty nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) afirmando que, se alguém tiver que ser retirado do comando das negociações, será ele, e não o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. "O embaixador Pinheiro Guimarães é secretário-geral do Itamaraty. Quem comanda as negociações comerciais do Itamaraty, por ordem do presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], sou eu, não o Samuel. Ele participa das negociações, sobretudo nas articulações dentro do Mercosul, mas, no dia em que precisar tirar o negociador, tem que tirar a mim", afirmou. O ministro deu a declaração ao ser questionado sobre a informação, publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo", segundo a qual o governo estaria se preparando para substituir os negociadores da Alca até o final do ano. O jornal atribui a informação a um "alto funcionário" do governo. Amorim também negou que o Itamaraty esteja perdendo espaço nas negociações da Alca para outros ministérios. "Como, perder? O presidente Lula fez uma reunião para deixar claro essas coisas todas. Acho que elas ficaram claras. Agora, evidentemente, é sempre possível você voltar atrás." O chanceler reafirmou o papel do Itamaraty como coordenador das negociações: "A coordenação das negociações, por natureza, tem que ficar com alguém [o próprio Amorim], porque do contrário não há negociação". Fora de foco Ao falar aos participantes de seminário sobre negociações comerciais, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Amorim disse que o debate público sobre a Alca está fora de foco. "Há um debate desenfreado e desinformado sobre a Alca." Segundo o ministro, o foco das discussões não é dizer "sim" ou "não" à Alca, mas definir qual é a Alca que interessa ao Brasil. "Queremos uma Alca equilibrada, que nos garanta acesso ao mercado mais amplo do mundo [o dos Estados Unidos], o que é, obviamente, fundamental, e que, ao mesmo tempo, dê espaço para políticas de desenvolvimento brasileiras", afirmou. Ele citou a nova política de compras da Petrobras, exigindo que a maior parte das plataformas e outros equipamentos seja fabricada no Brasil, como exemplo de iniciativa que tem de ser mantida após a criação da Alca. A alternativa, segundo o chanceler, é "uma Alca a qualquer preço", na qual o Brasil aceitaria regras de compras governamentais e de proteção a investimentos estrangeiros que impediriam o país de fazer política industrial. Texto Anterior: Luís Nassif: O PPP e o investimento público Próximo Texto: Stedile envia apoio à política do Itamaraty Índice |
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