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TRABALHO
Levantamento mostra que taxa foi de 14,23% nas seis principais regiões metropolitanas, em 2003, e de 8,16% no resto do país
Desemprego é menor fora de grandes centros
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de desemprego nas seis
maiores regiões metropolitanas
do Brasil cresceu mais de 2001 a
2003 do que a apurada no restante
do país, onde o bom desempenho
do agronegócio amorteceu o impacto da crise dos últimos anos
sobre a geração de vagas.
É o que mostra um estudo preparado a pedido da Folha pela
LCA Consultores com base em
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geográfica e Estatística).
Os números mostram que, em
2001, a taxa de desemprego nas
seis principais regiões metropolitanas -Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São
Paulo e Porto Alegre- foi de
12,83%. Juntas, elas representam
26% da PEA (População Economicamente Ativa) do país.
Em 2002, o percentual de pessoas sem trabalhar e à procura de
emprego subiu para 13,25%. No
ano passado, a taxa de desemprego saltou para 14,23%.
A trajetória da taxa no restante
do país (74% da PEA), excluídas
as seis maiores regiões metropolitanas, foi outra: caiu de 8,13% em
2001 para 7,7% em 2002 e chegou
a 8,16% no ano passado.
Ou seja, a distância entre as taxas passou de 4,7 pontos percentuais para 6,07 pontos.
A natureza da crise econômica
que atingiu o país nos últimos
anos, de acordo com especialistas,
explica em parte os caminhos diversos observados nos principais
centros e no restante do Brasil: o
desaquecimento da economia
afetou principalmente a indústria
e o setor de serviços.
Paralelamente, houve o impulso
das exportações, em boa parte ligado ao agronegócio, ou seja, ao
interior do país. "A capacidade
ociosa nas empresas localizadas
no interior caiu, o que evitou uma
alta do desemprego", aponta Fábio Romão, economista da LCA.
"A falta de confiança que atingiu o país em 2002, ano de eleição,
as taxas de juros elevadas, tudo isso se reflete de forma mais instantânea na região metropolitana",
diz Alexandre Jorge Loloian, economista da Fundação Seade.
Influi também, afirmam especialistas, a migração de empresas
dos grandes centros para outras
cidades: as indústrias se mudam
para municípios mais afastados a
procura de custos menores, como
terrenos mais baratos, IPTU menor e trabalhadores menos desgastados com longas viagens até
seus locais de trabalho.
"É um movimento que ocorre
há mais de 15 anos e que continuou ocorrendo nos últimos
anos. A diferença é que é possível
ver com mais nitidez pois os casos
foram se acumulando", afirma o
presidente do Ciesp (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo), Claudio Vaz.
O secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, Marcio Pochmann,
lembra que a taxa de desemprego
fora das principais regiões metropolitanas é historicamente mais
baixa. "É muito difícil ser desempregado em uma cidade pequena
do interior. O que ocorre é uma
espécie de expulsão do desempregado da cidade menor para a
maior", afirma.
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