São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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DESENVOLVIMENTO

País passou da 54ª para a 57ª posição entre 104 países analisados em relatório do Fórum Econômico Mundial

Brasil cai em ranking de competitividade

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil ficou menos competitivo e perdeu a capacidade de manter o crescimento econômico para os próximos anos. É o que mostra relatório global de competitividade publicado, em Nova York, pelo World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial). No estudo, o país caiu três posições no ranking das nações mais competitivas do globo. Desde 2000 o Brasil só tem quedas nesse indicador.
A despeito dos esforços do atual governo em promover ajustes na economia, piorou a posição do país em questões como controle inflacionário, taxas de juros e ambiente privado para investimento.
Pelos dados, o Brasil caiu no ranking global de competitividade da 54ª posição em 2002 para a 57ª em 2003. Fazem parte da amostra 104 países. Como competitividade o Fórum entende a capacidade de um país sustentar o seu crescimento futuro.
Foram analisadas variáveis macroeconômicas (juros, câmbio, inflação), além de indicadores como inovação tecnológica, nível de violência e até efeitos nos negócios de possíveis ataques terroristas nos países.
Para efeito de comparação, o Chile ocupa a 22ª colocação -ganhou seis posições- e é hoje o país mais competitivo da América Latina. Para Augusto Lopez-Claros, economista do World Economic Forum, o Chile "está se separando do resto [leia-se América Latina]". A Argentina subiu quatro posições em um ano (está em 74ª) e "mostra recuperação", diz ele. No estudo, Finlândia e EUA ocupam as duas primeiras colocações, respectivamente.
"Temos consciência dos elogios do FMI [Fundo Monetários Internacional] ao Brasil, por conta dos ajustes fiscais. Nossos índices, no entanto, não dão crédito à performance histórica, e o Brasil tem um déficit fiscal ainda muito elevado e é pobre nesse sentido", afirmou Lopez-Claros.
Michael Porter, um dos mais respeitados estudiosos em estratégia empresarial e diretor da Universidade Harvard, afirmou que o país está numa situação mais confortável que a de anos atrás, mas ainda carrega indicadores macroeconômicos ruins.
Pelos dados do Fórum, o Brasil está na 93ª posição entre os países com a maior inflação do mundo, enquanto no ano de 2002 ocupava a 80ª posição. No ranking dos juros, estava em 101º lugar em 2003, contra 100º no ano anterior.
Os relatórios de competitividade compreendem dados relativos aos dois anos anteriores. Portanto, uma eventual alteração no cenário (como a redução na taxa de juros básica no país, que caiu em 2004) não entra nessa conta.

Ambiente hostil
Em outro indicador publicado ontem, classificado como Índice de Competitividade de Negócios, o Brasil caiu da 34ª posição em 2002 para a 37ª em 2003. Nesse caso, o estudo considera basicamente se as empresas encontram um "ambiente hostil" para expansão, segundo o relatório.
Ele leva em consideração questões como infra-estrutura básica (condições das estradas, portos, rede de energia elétrica), estabilidade tributária, índices macroeconômicos, entre outros.
"Mesmo quando melhoramos, nós pioramos", diz Carlos Arruda, diretor de Desenvolvimento e Finanças da Fundação Dom Cabral, que comentou no Brasil os dados mundiais. Segundo ele, como a análise considera a posição de outros países, se algumas regiões dão um salto no ranking por qualquer razão, o Brasil pode ficar para trás. Mesmo que tenha registrado algum avanço.
"A América Latina ainda é foco de uma boa dose de desapontamentos", disse Michael Porter, ao analisar os dados de competitividade empresarial.
Pela primeira vez, o Fórum Econômico Mundial divulgou um Índice de Competitividade Global, que reúne os dois índices atuais, o de crescimento competitivo e o de competitividade empresarial. Nesse ranking, o Brasil ficou em 49º. O Chile, em 29º, e México e Argentina, na 60ª e na 75ª posição, respectivamente. Nesse índice não há dados de anos anteriores.
Ontem, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Fundação Dom Cabral apresentaram outros dados sobre competitividade de 1997 a 2002. Dos 43 países analisados, o Brasil ocupava a 39ª posição em 2002. Em 1997, ele era o 37º colocado.


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