São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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COMMODITIES

Após atingirem pico, produtos perdem valor com percepção de desaquecimento de China e EUA

Preço de metais sofre queda recorde

MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

Os preços das commodities metálicas recuaram ontem nos principais mercados em que elas são negociadas, com a percepção de que as cotações atingiram um patamar máximo e devem cair nos próximos meses.
A principal razão é a perda de fôlego do crescimento na China, que deve afetar a demanda mundial por matérias-primas metálicas, em tendência explicitada por analistas nos últimos dias.
Alumínio, cobre, chumbo, níquel e zinco perderam entre 4,5% e 12,8% na Bolsa de Metais de Londres, após alguns terem atingido altas históricas nos dias anteriores. O cobre teve a maior queda em oito anos. Em Nova York, o recuo foi o maior em 14 anos.
Segundo relatório divulgado nesta semana pela EIU (Economist Intelligence Unit), braço de pesquisas econômicas do grupo da revista "The Economist", os preços das commodities industriais devem se estabilizar a partir de 2005, devido, principalmente, ao desaquecimento chinês.
O instituto prevê que seu índice que mede as cotações das commodities metálicas caia 1,5% no próximo ano, após um crescimento de 33,9% em 2004.
Outro que divulgou perspectivas piores foi o americano JP Morgan, cujo escritório em Londres rebaixou o setor de mineração de "acima da média" para "neutro". O banco demonstrou preocupação com a desaceleração da produção industrial global e disse que nem mesmo a China, que ainda deve crescer 9% neste ano, compensará a perda.
No Brasil, a queda dos metais deverá aliviar a pressão inflacionária em 2005 e poderá ser vantajosa para empresas que importam insumos. Mas também deve afetar negativamente a rentabilidade das empresas do setor.
"Investidores perceberam que o preço atingiu um pico e que os dois principais consumidores [das commodities metálicas], EUA e China, vêem suas economias enfraquecer", disse Luís Suzigan, da LCA Consultores.
Mas, apesar das quedas expressivas de ontem, analistas prevêem que a desvalorização dos metais não será tão acentuada como a das commodities agrícolas, cujos preços já diminuíram mais de 30% nos últimos 12 meses.
"O consumo na China, mesmo que menor, ainda vai permanecer elevado. E a tendência de correção da oferta, para atender à demanda atual, só deve resultar em equilíbrio em 2005, devido ao tempo para maturação dos investimentos", diz Suzigan.
Para Alex Agostini, economista da Global Invest, a queda deve ocorrer apenas no segundo semestre de 2005, quando os juros americanos voltarem a níveis históricos. "Existe um componente de especulação muito grande. Investidores migraram para as commodities metálicas e só devem optar pelos títulos do Tesouro americano quando os juros ficarem mais vantajosos."


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