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COMMODITIES
Após atingirem pico, produtos perdem valor com percepção de desaquecimento de China e EUA
Preço de metais sofre queda recorde
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
Os preços das commodities metálicas recuaram ontem nos principais mercados em que elas são
negociadas, com a percepção de
que as cotações atingiram um patamar máximo e devem cair nos
próximos meses.
A principal razão é a perda de
fôlego do crescimento na China,
que deve afetar a demanda mundial por matérias-primas metálicas, em tendência explicitada por
analistas nos últimos dias.
Alumínio, cobre, chumbo, níquel e zinco perderam entre 4,5%
e 12,8% na Bolsa de Metais de
Londres, após alguns terem atingido altas históricas nos dias anteriores. O cobre teve a maior queda
em oito anos. Em Nova York, o
recuo foi o maior em 14 anos.
Segundo relatório divulgado
nesta semana pela EIU (Economist Intelligence Unit), braço de
pesquisas econômicas do grupo
da revista "The Economist", os
preços das commodities industriais devem se estabilizar a partir
de 2005, devido, principalmente,
ao desaquecimento chinês.
O instituto prevê que seu índice
que mede as cotações das commodities metálicas caia 1,5% no
próximo ano, após um crescimento de 33,9% em 2004.
Outro que divulgou perspectivas piores foi o americano JP
Morgan, cujo escritório em Londres rebaixou o setor de mineração de "acima da média" para
"neutro". O banco demonstrou
preocupação com a desaceleração
da produção industrial global e
disse que nem mesmo a China,
que ainda deve crescer 9% neste
ano, compensará a perda.
No Brasil, a queda dos metais
deverá aliviar a pressão inflacionária em 2005 e poderá ser vantajosa para empresas que importam
insumos. Mas também deve afetar negativamente a rentabilidade
das empresas do setor.
"Investidores perceberam que o
preço atingiu um pico e que os
dois principais consumidores
[das commodities metálicas],
EUA e China, vêem suas economias enfraquecer", disse Luís Suzigan, da LCA Consultores.
Mas, apesar das quedas expressivas de ontem, analistas prevêem
que a desvalorização dos metais
não será tão acentuada como a
das commodities agrícolas, cujos
preços já diminuíram mais de
30% nos últimos 12 meses.
"O consumo na China, mesmo
que menor, ainda vai permanecer
elevado. E a tendência de correção da oferta, para atender à demanda atual, só deve resultar em
equilíbrio em 2005, devido ao
tempo para maturação dos investimentos", diz Suzigan.
Para Alex Agostini, economista
da Global Invest, a queda deve
ocorrer apenas no segundo semestre de 2005, quando os juros
americanos voltarem a níveis históricos. "Existe um componente
de especulação muito grande. Investidores migraram para as
commodities metálicas e só devem optar pelos títulos do Tesouro americano quando os juros ficarem mais vantajosos."
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