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TRABALHO
Paralisação por aumento real de salários completa hoje 30 dias; tribunal decidirá sobre o impasse na próxima semana
Sem acordo no TST, greve dos bancários vai agora a julgamento
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bancários, a direção da Caixa
Econômica Federal e a do Banco
do Brasil não chegaram a um
acordo ontem na audiência de
conciliação realizada no TST (Tribunal Superior do Trabalho) sobre a campanha salarial da categoria. A greve dos bancários completa hoje 30 dias e não afeta o setor privado, segundo representantes dos bancos.
Diante do impasse, o dissídio
coletivo solicitado pelos trabalhadores -pela Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores
nas Empresas de Crédito)- irá a
julgamento na próxima semana.
"Novamente, infelizmente não
chegamos a um resultado positivo", afirmou o presidente do TST,
ministro Vantuil Abdala, que mediou a audiência de conciliação.
O presidente do tribunal fez um
apelo informal para que os bancários retornem ao trabalho enquanto aguardam o julgamento.
"A sociedade está exausta com a
greve. Não há mais sentido, já que
a causa foi entregue à Justiça. A situação de afastamento só causa
mais dificuldade na composição."
Segundo o presidente da Contec, Lourenço Prado, a volta ou
não ao trabalho seria decidida em
assembléias ainda ontem. "Eu
acho que de todo não seria inadequado [encerrar a greve]", afirmou o sindicalista.
O dissídio coletivo dos dois bancos federais foi pedido ao TST pela Contec na segunda-feira. Pela
legislação sindical, a entidade é
que tem a prerrogativa de ajuizar
dissídios diretamente no tribunal
superior, apesar de representar
5% dos trabalhadores do setor.
A CNB-CUT (Confederação
Nacional dos Bancários) informa
representar 90% da categoria no
país -são 400 mil bancários.
"Ainda acreditamos que possa
haver um acordo negociado entre
trabalhadores e bancos, antes de o
tribunal julgar essa greve. Se houver julgamento, podemos ser prejudicados, e o TST pode até retirar
outros direitos já conquistados
anteriormente", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo
(ligado à CNB-CUT).
Em São Paulo, cerca de 800 bancários decidiram em assembléia
aprovar a continuidade da greve.
Hoje, eles fazem um "abraço simbólico" no prédio do Banco do
Brasil na região central da cidade.
Proposta alternativa
O presidente do TST já havia intermediado informalmente a retomada das negociações entre os
bancos e os bancários. A tentativa
fracassou. Na audiência de ontem, o ministro Abdala chegou a
formular uma proposta alternativa, mas a sugestão não foi aceita
pelas partes.
A proposta garantia o que já foi
negociado entre a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e os
bancários -reajuste de 8,5% a
12,77%, além de outros pontos-
mais um abono de R$ 1.000 para
todos os funcionários do Banco
do Brasil e da Caixa e a compensação dos dias parados.
Os trabalhadores aceitaram a
sugestão desde que houvesse aumento de um ponto percentual
no índice de reajuste e anistia dos
dias parados. Os bancos recusaram a proposta. O BB propôs apenas um adiantamento de R$ 500
da participação nos lucros e resultados a ser pago em 2005.
Como não houve acordo, Abdala nomeou o ministro Antônio
Barros Levenhagen como relator
dos dois casos e marcou o julgamento para quinta-feira da próxima semana. Na sessão, o dissídio
coletivo será decidido por nove
ministros do TST. De acordo com
Abdala, essa decisão poderá adotar como "guia" a proposta já
acertada pelas partes. "O tribunal
não é obrigado a se submeter a esses índices. Mas os valores anteriores podem servir como um
guia", disse. O Ministério Público
do Trabalho emitirá um parecer
sobre o caso antes do julgamento.
"Lamento a incapacidade dos
representantes de sindicatos e patrões para resolver sem a intervenção do Estado os seus problemas", disse o vice-procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes, que participou das reuniões
entre bancos e empregados.
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