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Vendas do comércio têm queda, mas em ritmo menor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Mais uma vez, as vendas do comércio caíram. O volume comercializado pelo varejo em setembro
foi 2,72% menor do que o do mesmo mês de 2002. Foi a décima
queda consecutiva nesse tipo de
comparação, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
Em setembro, a queda nas vendas foi menos intensa do que as
registradas nos seis meses anteriores. Em agosto, havia sido de
5,81%. No acumulado do ano, o
setor vendeu 5,18% menos do que
no mesmo período de 2002.
Segundo o IBGE, a desaceleração tem três razões: a maior disponibilidade de crédito pela redução dos compulsórios bancários,
o menor custo dos empréstimos
com os juros mais baixos e o aumento do número de pessoas
ocupadas em setembro.
A velocidade menor da queda,
porém, ainda não é motivo para
comemoração. O IBGE acredita
que o comércio vá fechar o ano no
vermelho, pois a reação que vem
sendo esboçada teria de ser muito
intensa, faltando apenas o resultado do último trimestre do ano para ser divulgado.
"Teria de haver uma alta muito
forte. Não há mais tempo para
uma recuperação", afirmou Nilo
Lopes de Macedo, técnico do IBGE responsável pela pesquisa.
Para ele, o impedimento principal para uma melhora do setor é a
renda dos trabalhadores, que segue em queda. Em setembro, o
rendimento médio caiu 14,6% em
relação a setembro de 2002.
Renda curta
"A recuperação do comércio esbarra na renda, que se mantém
em queda sem perspectiva de subir no curto prazo", disse.
Economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio),
Carlos Thadeu de Freitas concorda com a avaliação. Para ele, o baixo poder de compra da população
impede a expansão do comércio,
que, segundo cálculos da CNC,
deve encerrar 2003 com retração
de 4% no faturamento.
Para Freitas, alguns ramos do
comércio estão com estoques altos pois exageraram nas encomendas. Por isso, a indústria tem
aumentado a produção nos últimos meses.
O setor não conseguirá, porém,
vender os estoques, já que a maior
oferta de crédito não está migrando para o consumo, mas para saldar dívidas antigas, disse.
"Muita gente está tomando empréstimo pessoal para quitar débitos do cheque especial. O final
do ano não deve ser tão bom",
previu.
Para ele, uma recuperação mais
firme do setor só deve ocorrer a
partir de meados de 2004, se o
rendimento e o emprego subirem
de forma considerável.
Dependente das vendas a prazo
e, com isso, beneficiado pela redução dos juros, o setor de móveis
e eletrodomésticos foi o único que
teve desempenho positivo em setembro: alta de 6,99%.
Segundo Lopes, "o fator salário"
é determinante para cerca de 50%
das vendas do comércio, que são
de bens não-duráveis (alimentos,
remédios, combustíveis etc.) e semiduráveis (roupas e calçados).
O volume de vendas de supermercados, hipermercados e demais lojas de alimentos e bebidas
recuou 3,60% em setembro, segundo os dados do IBGE.
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