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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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Vendas do comércio têm queda, mas em ritmo menor

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Mais uma vez, as vendas do comércio caíram. O volume comercializado pelo varejo em setembro foi 2,72% menor do que o do mesmo mês de 2002. Foi a décima queda consecutiva nesse tipo de comparação, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em setembro, a queda nas vendas foi menos intensa do que as registradas nos seis meses anteriores. Em agosto, havia sido de 5,81%. No acumulado do ano, o setor vendeu 5,18% menos do que no mesmo período de 2002.
Segundo o IBGE, a desaceleração tem três razões: a maior disponibilidade de crédito pela redução dos compulsórios bancários, o menor custo dos empréstimos com os juros mais baixos e o aumento do número de pessoas ocupadas em setembro.
A velocidade menor da queda, porém, ainda não é motivo para comemoração. O IBGE acredita que o comércio vá fechar o ano no vermelho, pois a reação que vem sendo esboçada teria de ser muito intensa, faltando apenas o resultado do último trimestre do ano para ser divulgado.
"Teria de haver uma alta muito forte. Não há mais tempo para uma recuperação", afirmou Nilo Lopes de Macedo, técnico do IBGE responsável pela pesquisa.
Para ele, o impedimento principal para uma melhora do setor é a renda dos trabalhadores, que segue em queda. Em setembro, o rendimento médio caiu 14,6% em relação a setembro de 2002.

Renda curta
"A recuperação do comércio esbarra na renda, que se mantém em queda sem perspectiva de subir no curto prazo", disse.
Economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Carlos Thadeu de Freitas concorda com a avaliação. Para ele, o baixo poder de compra da população impede a expansão do comércio, que, segundo cálculos da CNC, deve encerrar 2003 com retração de 4% no faturamento.
Para Freitas, alguns ramos do comércio estão com estoques altos pois exageraram nas encomendas. Por isso, a indústria tem aumentado a produção nos últimos meses.
O setor não conseguirá, porém, vender os estoques, já que a maior oferta de crédito não está migrando para o consumo, mas para saldar dívidas antigas, disse.
"Muita gente está tomando empréstimo pessoal para quitar débitos do cheque especial. O final do ano não deve ser tão bom", previu.
Para ele, uma recuperação mais firme do setor só deve ocorrer a partir de meados de 2004, se o rendimento e o emprego subirem de forma considerável.
Dependente das vendas a prazo e, com isso, beneficiado pela redução dos juros, o setor de móveis e eletrodomésticos foi o único que teve desempenho positivo em setembro: alta de 6,99%.
Segundo Lopes, "o fator salário" é determinante para cerca de 50% das vendas do comércio, que são de bens não-duráveis (alimentos, remédios, combustíveis etc.) e semiduráveis (roupas e calçados).
O volume de vendas de supermercados, hipermercados e demais lojas de alimentos e bebidas recuou 3,60% em setembro, segundo os dados do IBGE.


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