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Suíça processa o Google por invasão de privacidade
Alvo é o Street View, que fornece imagens panorâmicas das ruas; serviço entrou em operação em agosto naquele país
Governo suíço alega que fachadas e placas de carros não foram suficientemente disfarçados; Google disse, em nota, que vai recorrer
DE GENEBRA
O governo suíço, conhecido
pelo apreço ao sigilo, vai levar o
Google aos tribunais por invasão da privacidade. O alvo é o
aplicativo Street View, que permite ao usuário observar imagens reais e atuais de um dado
endereço, em 360 graus.
Segundo comunicado do Ministério da Justiça suíço, o Comissário Federal de Proteção
de Dados e Informações, Hanspeter Thür, pediu ao Google em
setembro que tomasse medidas
para proteger a privacidade dos
cidadãos. Mas a empresa se negou a acatar as solicitações e,
passados dois meses, nenhuma
mudança ocorreu, o que levou à
abertura de uma queixa.
A ação é a primeira do tipo
vinda de um governo e não tira
o serviço do ar -o aplicativo
ainda funcionava ontem à noite. Mas, enquanto não sair uma
decisão, impede que sejam tiradas mais fotos, congelando a
expansão do programa.
O Google Street View entrou
no ar na Suíça em agosto, mais
de dois anos depois de ser criado nos EUA. O serviço utiliza
fotos para compor uma panorâmica tridimensional do local.
Não há câmeras com transmissão em tempo real.
Para o governo suíço, no entanto, "inúmeras fachadas e
placas de carros não foram disfarçados o suficiente para que
se tornassem irreconhecíveis
do ponto de vista da proteção
de dados, sobretudo em relação
a pessoas mostradas em locais
sensíveis como hospitais, prisões ou escolas".
A Folha testou o programa
em Genebra e constatou que as
imagens das fachadas são precisas. Mas placas de veículos e a
fisionomia dos transeuntes estão borradas. No caso de endereços de hospitais, em nenhuma ocasião foi oferecida a possibilidade de visualizar a rua
em questão -a reportagem não
sabe afirmar, no entanto, se isso já ocorria antes da moção.
O comissário suíço alega que
o Google ofereceu informações
incompletas ao dizer que "usaria imagens apenas de grandes
centros urbanos e depois colocar na internet detalhes de
muitas cidades".
No seu entender, em cidades
pequenas, borrar a fisionomia
dos retratados não é suficiente
para impedir sua identificação.
Roupas, cabelos e até o biotipo
levam ao reconhecimento.
Outro ponto criticado pelo
comissário é a altura da câmera
ao capturar as imagens, que
permite enxergar por sobre
cercas e muros. O governo do
Japão já havia manifestado
preocupação similar, mas se
satisfez quando a empresa
aceitou baixar as câmeras.
O Google, em comunicado
reproduzido pela imprensa europeia, se disse "decepcionado"
com a decisão e afirmou que vai
contestá-la. A empresa considera o Street View "totalmente
legal" e diz ter explicado ao governo como funcionaria o programa antes de introduzi-lo,
tendo sugerido ""medidas para
fortalecer a privacidade".
(LUCIANA COELHO)
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