São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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EM TRANSE

Indicação de Meirelles e renovação de dívida cambial contêm moeda dos EUA, que recua 1,32% e fecha a R$ 3,74

Rolagem e definição no BC freiam dólar

Maurício Lima/France Presse
Operador da BM&F, em São Paulo; dólar fecha em baixa de 1,32% após rolagem de dívida cambial


ANA PAULA RAGAZZI
FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

A definição do presidente do Banco Central e a conclusão da rolagem de quase toda a dívida cambial que vence na próxima semana levaram o dólar a fechar com expressivo recuo ontem. Vendida a R$ 3,74, a moeda norte-americana encerrou os negócios com baixa de 1,32%.
O risco Brasil, calculado pelo banco JP Morgan, caiu 1%, para 1.555 pontos. Na semana, o índice acumulou baixa de 7%.
Apesar de o nome de Henrique Meirelles ter sido conhecido pelo mercado na quinta-feira, o impacto sobre o câmbio não foi sentido no dia. Uma saída de recursos em torno de US$ 130 milhões, que teria sido realizada pela Petrobras, não permitiu o recuo do dólar na quinta.
O BC obteve sucesso em sua primeira tentativa de rolagem de uma dívida cambial de US$ 1,8 bilhão que vence na próxima quarta-feira. A autoridade monetária conseguir renovar 92,9% do total. As taxas superaram os 30% para o curto prazo e ficaram na casa dos 26% para os contratos de prazo mais longo.
Pedro Thomazoni, do Lloyds TSB, avalia que o sucesso da rolagem pode ser atribuído à boa receptividade do mercado à indicação de Meirelles para o BC.
"Por mais que haja críticas possíveis a Meirelles, ele traz credibilidade para o mercado", afirmou.
Nos últimos meses, dias que antecediam vencimentos de dívida do governo eram bastante tensos. Primeiro o mercado pedia taxas muito elevadas para ficar com os papéis. O Banco Central se recusava a pagar, e os investidores, então, pressionavam o dólar para garantir maiores lucros no resgate dos papéis.
No mercado internacional, os papéis da dívida brasileira mais negociados, os C-Bonds, fecharam com alta de 1,5%, vendidos a US$ 0,6294.
"A procura por títulos brasileiros aumentou. Não dá para dizer que a indicação do Meirelles para o BC empolgou o mercado, mas foi bem recebida", afirma o diretor de mercados emergentes da corretora López Léon, Felipe Brandão.

Cupom cambial

Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o recuo do cupom nos últimos dias sinalizava que o BC teria mais chances de obter sucesso na rolagem de sua dívida. A taxa que o governo paga para rolar sua dívida indexada ao câmbio segue o cupom cambial. Um recuo do cupom indica maior predisposição do mercado para rolar a dívida do governo.
Ontem o FRA -Forward Rate Agreement, que melhor mede o cupom cambial- com prazo em abril fechou com taxa de 27% ao ano na BM&F. Há uma semana, essa taxa estava em 34,8% anuais.
Em maio, essa taxa estava em torno de 4% ao ano. Com o aumento da tensão no mercado financeiro, o FRA chegou a ter taxas superiores a 50% um pouco antes das eleições de outubro.


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