|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONSUMO
Se recusar tabelas com novos reajustes, varejo poderá ter de adiar pedidos e correr o risco de ficar sem itens para vender
Janeiro atípico pode pôr lojas em enrascada
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um janeiro que deverá ser atípico deve dar duas saídas ao varejo,
no início de 2003: pagar bem mais
pelos produtos ou adiar as encomendas da indústria. E, com isso,
correr o risco de deixar o mercado
sem alguns itens para venda.
O assunto é tema de conversas
entre indústria e varejo desde novembro, quando as lojas finalizaram as últimas encomendas para
este mês e para janeiro.
O problema é que as redes de
eletrônicos constataram uma redução muito lenta nos estoques
nos meses de setembro e outubro.
Dados do Bic Banco mostram
que o IVE (Índice de Volume de
Estoque) estava em 61,1 em setembro. A taxa vai de zero a cem
-quanto mais próxima de cem,
mais produtos estão encalhados.
Há um ano, estava em 60. O número é obtido com base em pesquisa com 112 empresas no país.
Como os estoques demoram
para ser desovados, uma boa parte dos produtos à venda no Natal é
de itens "antigos" -na prática,
não comercializados em novembro. Portanto o varejo vai ter de
comprar alguma coisa em janeiro
para não ficar com poucas opções
para vender após as festas.
Pedidos antes
Para receber encomendas em
janeiro, o varejo teria de ter fechado os pedidos há meses. Isso porque a indústria não trabalha em
dezembro. Normalmente, os
grandes fabricantes dão férias coletivas para a linha de produção
em dezembro e em janeiro.
Além disso, os produtos que serão entregues em janeiro já terão
novas tabelas de preços. O aumento, segundo a Folha apurou,
nas linhas de imagem e de som,
por exemplo, será de 2% a 3%, dependendo do produto.
Logo, o consumidor vai ter de
pagar mais pelas mercadorias em
2003. A indústria reclama que o
aumento no preço, aceito pelo varejo até agora, foi muito pequeno.
Em novembro, o reajuste foi de
1,65%, em média, informa a Fipe.
A inflação foi de 2,65%.
"Se você reforça seus estoques
para o pós-Natal, vai ter de pagar
mais pelo produto, porque os fabricantes ainda batem na mesa
por reajustes de até 30%. Se você
não reforça o estoque, vai ter de
operar com as sobras do Natal, o
que é arriscado", afirma Waldemir Coleone, superintendente da
Lojas Cem.
Ele acredita que isso será arriscado, pois há redes que já estão
operando, durante este mês, com
o estoque não vendido em novembro devido à queda das vendas no varejo. A retração é consequência do aumento dos juros, da
queda na renda e do aumento no
desemprego.
Texto Anterior: Fast Food: Consórcio leva Burger King por US$ 1, 5 bi Próximo Texto: Nada original, consumidor vai dar camisa, perfume, cosmético e CDs Índice
|