São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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CONSUMO

Se recusar tabelas com novos reajustes, varejo poderá ter de adiar pedidos e correr o risco de ficar sem itens para vender

Janeiro atípico pode pôr lojas em enrascada

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um janeiro que deverá ser atípico deve dar duas saídas ao varejo, no início de 2003: pagar bem mais pelos produtos ou adiar as encomendas da indústria. E, com isso, correr o risco de deixar o mercado sem alguns itens para venda.
O assunto é tema de conversas entre indústria e varejo desde novembro, quando as lojas finalizaram as últimas encomendas para este mês e para janeiro.
O problema é que as redes de eletrônicos constataram uma redução muito lenta nos estoques nos meses de setembro e outubro.
Dados do Bic Banco mostram que o IVE (Índice de Volume de Estoque) estava em 61,1 em setembro. A taxa vai de zero a cem -quanto mais próxima de cem, mais produtos estão encalhados. Há um ano, estava em 60. O número é obtido com base em pesquisa com 112 empresas no país.
Como os estoques demoram para ser desovados, uma boa parte dos produtos à venda no Natal é de itens "antigos" -na prática, não comercializados em novembro. Portanto o varejo vai ter de comprar alguma coisa em janeiro para não ficar com poucas opções para vender após as festas.

Pedidos antes
Para receber encomendas em janeiro, o varejo teria de ter fechado os pedidos há meses. Isso porque a indústria não trabalha em dezembro. Normalmente, os grandes fabricantes dão férias coletivas para a linha de produção em dezembro e em janeiro.
Além disso, os produtos que serão entregues em janeiro já terão novas tabelas de preços. O aumento, segundo a Folha apurou, nas linhas de imagem e de som, por exemplo, será de 2% a 3%, dependendo do produto.
Logo, o consumidor vai ter de pagar mais pelas mercadorias em 2003. A indústria reclama que o aumento no preço, aceito pelo varejo até agora, foi muito pequeno. Em novembro, o reajuste foi de 1,65%, em média, informa a Fipe. A inflação foi de 2,65%.
"Se você reforça seus estoques para o pós-Natal, vai ter de pagar mais pelo produto, porque os fabricantes ainda batem na mesa por reajustes de até 30%. Se você não reforça o estoque, vai ter de operar com as sobras do Natal, o que é arriscado", afirma Waldemir Coleone, superintendente da Lojas Cem.
Ele acredita que isso será arriscado, pois há redes que já estão operando, durante este mês, com o estoque não vendido em novembro devido à queda das vendas no varejo. A retração é consequência do aumento dos juros, da queda na renda e do aumento no desemprego.


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