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VIZINHOS EM CRISE
País será punido e perde novos desembolsos; FMI adia liberação para o Uruguai, que não conteve crise
Argentina confirma que não pagará Bird
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
A Argentina decidiu ontem dar
o calote definitivo em uma dívida
de US$ 726 milhões com o Bird
(Banco Mundial). Ontem, o governo argentino também adiantou que não pagará um título de
US$ 252 milhões que foi emitido
com garantia do organismo.
Com a decisão, o país praticamente abre mão de empréstimos
de cerca de US$ 1,8 bilhão que seriam desembolsados pelo Banco
Mundial e que, a partir de agora,
ficam suspensos. A maioria dos
empréstimos financiaria programas sociais e de infra-estrutura
em várias Províncias do país. O
governo argumenta que não haverá risco de diminuição dos programas sociais porque, em 2003, o
país pagaria ao Banco Mundial
mais do que receberia.
A posição do ministro da Economia, Roberto Lavagna, não
mudou: o país só pagará quando
chegar a um acordo com o FMI.
Ontem, o chefe do Gabinete de
Ministros, Alfredo Atanasof, confirmou pela manhã a decisão do
governo. Atanasof aproveitou
também para responder às criticas do diretor-gerente do Fundo,
Horst Köhler, que afirmara no dia
anterior que a responsabilidade
pelas crises tem que ser assumida
pelos países.
"Não estamos dizendo que a
culpa de nossos males é do Fundo, seria uma loucura. Mas a burocracia do FMI também apoiou
as políticas que nos levaram a esta
situação", disse.
Com a decisão, o governo argentino adota uma posição mais
dura em relação ao Fundo, depois
de quase um ano de negociações
infrutíferas.
No FMI, as posições não mudaram. Anteontem, os técnicos do
Fundo anunciaram que adiariam
o desembolso de US$ 380 milhões
ao Uruguai, porque o país não teria adotado políticas adequadas
para resolver a crise financeira. O
desembolso faz parte do pacote
de US$ 2,8 bilhões que o Fundo
aprovou em agosto do ano passado, quando o país entrou em colapso, atingido pelas crises argentina e brasileira. Na Argentina, o
adiamento foi interpretado como
um sinal de que o organismo não
pretende mudar a política de ajuda para países em crise.
Também ontem, o secretário-assistente do Tesouro norte-americano, Randal Quarles, deu um
sinal de que um acordo da Argentina com o FMI ainda é uma possibilidade remota. "A experiência
nos mostra que programas de
ajuda que carecem de um forte
compromisso por parte dos líderes de um país provavelmente vão
fracassar", disse.
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